29 agosto 2008

Cada um tem o evangelho que merece

Já algum tempo tenho compartilhado neste blog minhas sucessivas reflexões sobre o evangelho vivido pelos evangélicos no Brasil neste tempo. É bem verdade, para ser honesto com o evangélico brasileiro, que este fenômeno de transição entre as mensagens variadas que povoam a mente de todos não é uma particularidade tupiniquim. Nem poderia.
Muito do que temos aqui, há mais de cem anos, tem ligação direta com "produtos" importados, seja vindo dos Estados Unidos, Coréia, Argentina, Colômbia, Nigéria ou em qualquer lugar que um movimento cristão esteja tendo sucesso.
Digo sucesso diante do fato de ver igrejas repletas de pessoas, programas variados e métodos copiados e ampliados.
Veja se não é assim. Dos Estados Unidos importamos Benny Hinn, Rick Warren, da Coréia as orações específicas de Paul (ou David, ou Paul, não, não é David...ah,virou Paul de novo? Nossa! Niguém avisa!) Yong Choo, da Argentina os salmos de Juan Carlos Ortiz e apóstolos que surgiram em profusão. Da Colômbia trouxemos Cesar Castellãno e o G12, que deixou o nome de lado, tamanha a confusão que gerou em terras verde amarelas, e por aí vão nossos avivamentos importados.
Entretanto, a essência do evangelho vai ficando em segundo plano.
Quando leio os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, me deparo com uma mensagem única e corajosa. Não há métodos, não há políticas, não há estruturas, nem juntas, há apenas o amor de um homem pela humanidade, sendo verbalizado das maneiras mais distintas.
Jesus afirmou à mulher que perdera seu filho: Não Chores! À filha do homem que chorava, levanta e come! A multidão que o assistia Jesus as alimentou, tanto com o pão dos céus, como com o pão da mesa.
O evangelho do Nazareno era simples. Continha uma lei "amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo", sentenciou. Suas mensagens não tinham nada de mirabolante. Embora muitos o vejam como o "Maior Psicólogo da Terra", ou ainda "O Maior Líder de Todos", ele se apresentava como aquele "que veio para servir e não ser servido".
O Filho de Deus deixa o legado de um evangelho sem modismos. Sua mensagem incluía a graça para os necessitados e a paz para os aflitos.
Jesus nunca falou em avivamentos dos números, "dois ou três" já eram suficientes para se ver a presença de Deus e consequentemente sua glória. Hoje, cultos vazios são sinais de ausência do poder do Altíssimo em alguns lugares, para algumas teologias e principalmente para alguns pastores.
Sua pregação era simples, o seu grande alvo era ser entendido, por isso tudo que dizia era "em verdade, em verdade".
Hoje em dia vivemos o evangelho do mundo gospel. Infelizmente não conseguimos distinguir o que é do mundo e o que é do gospel, pelo simples motivo de não sabermos bem o que é gospel e o que de fato é mundo.
Isto porque o mundo que se chama gospel virou mais mundo do que gospel. Haja vista que os pastores agora cobram cachês para pregar, os cantores evangélicos introduziram uma interpretação absolutamente interesseira ao termo "levita" e as Igrejas se tornaram mais shopping centers do que comunidades de expressão de graça e amor.
As rádios evangélicas tocam todo o tipo de música evangélica, desde que o interesse de vender os CDs sejam alcançados. Os livreiros evangélicos comemoram o mercado abarrotado de mercadorias e as feiras, expos, etc, se orgulham de vender milhões em artigos evangélicos, que vão desde camisetas cristãs a dentaduras evangélicas.
Que evangelho é esse que muitos gostam e estão vivendo? Na verdade isso não importa nem mesmo a resposta, as pessoas escolhem aquilo que desejam, afinal de contas, cada um tem o evangelho que merece.

28 agosto 2008

Mais uma vez


Assisti a pouco a mais uma vitória do Botafogo. Agora a vítima da vez foi o Atlético Mineiro, adversário que já viciamos em ganhar.

Mais uma vez meu time jogou bem e mais uma vez posto aqui neste blog uma palavrinha sobre ele.

O Botafogo é um time charmoso. É um clube de tradição internacional e por muitos anos levou o nome do Brasil com orgulho, paixão e autoridade.

Infelizmente por um tempo amargo o clube, como um todo, foi administrado por pessoas incompetentes que dilapidaram o patrimônio, esvaziaram o clube e danificaram por mais de 20 anos o seu futebol.

Hoje, como afirma o PVC, frequentemente, na ESPN, o Alvinegro vem galgando seu lugar de honra, pouco a pouco. Depois que voltou, com mérito (ao contrário do fluminense que saiu da série C direto para a série A), a cada ano tem sido um degrau a mais.

Com excessão do Carioca de 2006, quando fomos campeões, não chegamos a nenhum título expressivo, mas disputamos todos que participamos, ficando bem perto deles.

Chegar as finais é uma grande alegria. No Carioca chegamos em 2006, 2007 e 2008 consecutivamente. Na Copa do Brasil fizemos bons torneios, e no Campeonato Brasileiro há muito que não sofremos o medo da degola para a segunda divisão, como se tornou comum para nossos adversários cariocas nos últimos 5 anos.

Ser Botafoguense é um mérito, escolhe-se um clube pela sua tradição, torce-se por paixão. Não são apenas os títulos que nos movem mais, embora sonhemos com eles e torçamos muito. Mais uma vez declaro que torcer para um time como o clube de General Severiano é usar a razão e a emoção, a cada encontro com o mais belo canto do Brasil: aquele vem da galera apaixonada, afirmando e reafirmando: Ninguém Cala, Este Nosso Amor.
Desculpe se meu texto não é tão evangélico para você.

18 agosto 2008

Ai, doces lições das amargas derrotas


Tenho acompanhado os jogos de Pequim com ardoroso fervor olímpico. Torcedor de carteirinha do Brasil e amante de esportes, seja ele qual for, participo ativamente em frente a TV das cenas marcantes das competições.
Fui o único na sala a vibrar com a vitória de Cielo na natação. Juntamente com meu pai vibramos na goleada do Brasil sobre a Alemanha no futebol feminino, e vimos a frustração da Fabiana Murer, no salto com vara, ao ser desclassificada, após a terceira tentativa fracassada de superar os 4m65cm.
Opa, a derrota! Sim, a derrota é dolorosa. Vejam Diego Hypólito. Era ouro! antes de pular no tablado, no final era outro! E Larissa e Ana Paula? no volei de praia. Imagino como deve ter sido difícil para o nadador Thiago Pereira ter ficado em quarto.
As derrotas são amargas. Elas nos põem para baixo. Dificulta nossa caminhada. Na verdade queremos sempre vencer e torcemos para quem gostamos vença também.
Mas a vida não é feita somente de vitórias, se assim fosse ela seria fácil e não aprenderíamos nada com ela. A vida somente com vitórias nos faríamos insuportáveis, porque se todos vencessem não haveria com quem competir, e seríamos gerentes de nós mesmos, heróis de uma batalha só.
Perder, ser derrotado, sofrer um revés na vida é didático. Nos ensina. Embora seja amargo o gosto da derrota, as lições são doces como mel. Adocicam nossa forma de enxergar a vida, de enxergar o outro, de enxergar Deus em todas as circunstâncias.
Ai, doce lições que tiramos nas amargas derrotas da vida. Depois que aprendemos, crescemos. Podemos não ganhar a medalha naquela competição, mas nos tornamos mais maduros para as tantas outras que a vida nos presenteará.
Como você encara as lutas e as derrotas? Como o fim de tudo? Não, não seja tão cruel com você mesmo. Deus nos garante que "há mais aprendizado no luto, do que na festa", diz isso porque Ele sabe, exatamente o que sentimos, quando fracasso bate a nossa porta.
Não é a toa, também, que Ele afirma que "semeamos com lágrimas, para colher com júbilo". Aproveite esta semana para digerir bem suas batalhas, suas lutas, suas guerras, seus entraves, e aprender o máximo que puder. A vida é mais doce quando somos mais maduros para aproveitá-la.

15 agosto 2008

Leões, doces leões

Assista ao vídeo no link que eu posto agora http://br.youtube.com/watch?v=0HtM0ITuFmQ e você vai entender o título que escrevi.
Por muito menos desprezamos amizades, carinhos, cuidados. Por muito menos deixamos de lado uma história que foi construída a base de amor, misericórdia e zelo.
Eu experimentei isso. As vezes não gosto de falar disso, mas invariavelmente vem a minha mente nomes de pessoas que carreguei no colo.
Aprendi, contudo, uma grande lição. Não carregamos no colo pessoas para que elas nos façam bem depois, precisamos carregar pessoas no colo para que nós nos sintamos bem.
Imaginem uma igreja somente de leões, famintos pela Palavra e amorosos ao extremo incapazes de serem transformados pela selvageria do mundo em que vivem, nem pela amargura do universo que cultivam.
Espero isso, sim. O que acha?

06 agosto 2008

Que lugar na Igreja ocupa a misericórdia?


Ela está escondida. As vezes senta-se num banco da Igreja, no último banco. Infelizmente a misericórdia não ocupa os primeiros lugares, não é ovacionada e muito menos levada a sério.
Quando penso que a misericórdia é desprezada em alguns de nossos arraiais, nos momentos em que ela mais precisaria ser considerada, me apago.
O mundo não conhecerá a Deus, querido leitor, porque temos templos suntuosos, ou ainda por termos programas de rádio ou TV. Não conhecerá a Deus simplesmente porque transmitimos cultos pela internet ou por sermos C&Os reconhecidos.
A misericórdia, entretanto, é a única razão pela qual estamos vivos. Dizem as Escrituras "que as misericórdias do Senhor são a razão de não sermos consumidos".
A misericórdia é o fator que nos diferencia do mundo. Hoje, principalmente hoje, nossas diferenças entre o mundo e a igreja estão cada vez menores.
Isto porque nossos referencias de Deus e da Igreja foram comprometidos com algumas de nossas estratégias ou nosso mundanismo. Explico.
Algumas de nossas estratégias são mundanas, para não dizer atéias, mas tudo em nome de Deus...é a idéia de ser fraco para ganhar os fracos...mas duvido que Paulo estava dizendo ser ridículo.
O nosso mundanismo vem das atitudes que invariavelmente temos diante de determinadas situações, onde nos parecemos muito mais com o mundo do que com Deus.
Voltando a misericórdia, ela precisava ocupar um lugar melhor em nossos arraiais.
As prostitutas, os viciados, os bêbados inveterados, os doentes terminais, os pecadores sujos com suas taras, os assassinos, deveriam experimentar um pouco mais desta palavra, a partir de nós.
Aqueles que entraram para a Casa de Deus e depois saíram, aqueles que se levantaram, mas depois caíram. Os que nos traíram, os que nos desprezaram, os que nos maltrataram, todos estes precisam de misericórdia.
Os ladrões de carteirinha, os bandidos de plantão, os crentes que vacilam, os líderes que experimentam a loucura do erro, todos, absolutamente todos precisam da misericórdia.
Os justos, os limpos, os melhores do que os outros, todos precisam da misericórdia. O mundo só será melhor se dermos as devidas honras à misericórdia. Caso isso não aconteça, o máximo que teremos é uma boa manchete de um periódico semanal, dizendo: "Eles são um Show!".
Nao sei, realmente não sei se foi isso que Deus sonhou para nós.