25 dezembro 2008

Perplexo com esse tal de antagônico


Como somos complexos. COmo somos antagônicos. Não sei se todos são, na verdade, sei o quanto eu sou complexo, complicado, antagônico.
Sou capaz de rir e chorar sobre situações iguais. Sou capaz de gostar e não gostar das mesmas coisas.
Me impressiona o quanto posso ser amado por tantos, e odiado por alguns. Como é possível alguém olhar para você e desejar andar do seu lado, enquanto outros não querem ouvir o seu nome?
O antagonismo se alastra em mim. A felicidade toma conta um dia, e sem dificuldade posso lembrar das coisas que me causam tristeza.
Não me envergonho dos meus antagonismos, eles me limitam, me põem no chão. Me fazem dependentes de Deus.
Exatamente este antagonismo que me faz enxergar homem é capaz de me fazer sentir um super-herói, portanto, a sua existência é que evita que um dia eu pule de um prédio, achando que posso voar.
O antagonismo nosso de cada dia é incapaz de ser coerente. É capaz apenas de ser um verbo "to be" , ou seja, ser e estar.
Mas nào me desespero. Olho para Jesus e vejo que ele era seguido por uma multidão. Alguns queriam abracá-lo, tocá-lo, enquanto outros desejam matá-lo. Jesus vivia o antagonismo de ser santo para alguns e filho de Belzebú para outros.
E o que falar de Paulo? Amado em Filipos, odiado em Tessalônica. Amado por Lucas, destratado e abandonado por Alexandre, o latoeiro. Mas também, Paulo vivia o ápice do antagonismo, que o permitiu "fazer o que não queria, e deixar de fazer o que devia".
Meus antagonismos continuam, enquanto continua minha jornada nesta terra. Contudo, desejo profundamente que Deus continue cuidando, para que eu consiga ser coerente com a minha fé, com a minha chamada e com o amor que tenho por Ele.
Você, contudo pode gostar ou não do que sou, ou do que escrevi. A bem da verdade, sempre existirão os que acham o máximo o que eu digo, enquanto outros não acham a menor graça...ponham na conta desse tal de antagonismo.

24 dezembro 2008

Para um natal feliz, seja feliz!!!

Este é o desejo que todos falam a todos, todos os anos: feliz natal! Quantas pessoas ouvem isso e já, automaticamente, pensam que a noite natalina precisa realmente ser feliz.
Mas,pensemos, sem demagogia e nem pieguismo exagerado: como vai ser o natal de algumas milhares de famílias catarinenses? E a turma de Cardoso Moreira? E o pessoal de Campos?
Como será o natal de alguns meninos que dormem nas ruas, ou homens e mulheres que nao possuem casas para morar?
Como será o seu natal, separado da esposa ou do esposo? Brigado com o filho ou os filhos?
Como será o seu natal endividado, sem roupas novas, sem nada novo, ou melhor, com os altos juros, a cada dia um novo saldo devedor?
Me diz, com sinceridade: você tem pensado em ter um feliz natal, mesmo sabendo que está enfermo? Ou ainda, será que tem como se ter um feliz natal, sozinho?
O natal de muita gente depende de como as coisas vão estar ao redor. A verdade, e a bem de toda verdade, o natal para a maioria das pessoas apenas tem cheiro de natal, porque a gordura açucarada exala da cozinha as quentes rabanadas, ou o forno exibe-se aquecendo um pernil, que será devorado com avidez.
O natal de algumas pessoas só é feliz quando tudo vai muito, mas muito bem. Não há dividas, nào há dores, não há brigas, só amores.
Eu quero um natal feliz, mesmo sabendo que nem tudo que sonhei aconteceu. Quero experimentar um natal feliz, mesmo sem comprar a roupa da marca que desejei. Quero um natal feliz, mesmo sabendo que algumas dores invadem minha alma ou ainda meu corpo.
Descobri que quero um natal sem nenhuma preocupação com coisas externas, um natal que expresse minha fé na razão do natal, que é Jesus. Quero um natal onde possa orar com minha família, porque já faço isso, com frequência com eles.
Um Natal feliz, muito feliz. Feliz porque Deus, com sua graça me ama e ama mais do que todos. Feliz, porque sei em quem tenho crido e estou bem certo que é poderoso, pra guardar o meu tesouro, até o dia final.
Desejo a você um natal sem nada que lhe confunda o olhar. Um Natal sem árvores, sem luzes, sem cores, sem sabores. Quero desejar a você um natal puro, onde Cristo vai ser glorificado, exatamente porque será lembrado em casa, "que um menino nos nasceu, um filho se nos deu...". Meu natal será feliz, exatamente porque Ele me faz feliz de verdade.

15 dezembro 2008

UM TESTEMUNHO DE FÉ



Este é o testemunho de Imacullée Ilibagiza. Uma Ruandesa que sofreu com o genocício, que matou milhares de pessoas em seu país.
Infelizmente, não tem tradução sua entrevista. Contudo, Imacullée, que hoje trabalha nos Estados Unidos, na ONU e tem um site, fala sobre a luta racial em seu país. Fala sobre como pessoas estavam sendo perseguidas e mortas. Ilibagiza narra como foi salva, através da instrumentalidade de um pastor, vizinho da família, que pôs 7 mulheres trancadas em um pequeno bannheiro. A fé em Deus, fez com que esta mulher fosse salva. A esperança num Deus que pode fazer milagres transformou a história de Imacullée Ilibagiza. Mais uma vez peço desculpas por não ter tradução. Prometo que buscarei informações maiores sobre Imacullé, e posto aqui no blog.
Mais uma dica, há um livro publicado no Brasil sobre a história de fé de Imacullé Ilibagiza, vale a pena saber mais sobre esta mulher.

03 dezembro 2008

O que se falam por aí?


O pr.Lécio Dornas escreveu recentemente o livro "O que a Bíblia diz, sobre o que todo mundo diz". O texto trata dos provérbios populares que são comumente usados e abusados por todos, profeticamente escritos nos pára-choques de caminhões estrada a fora, e filosóficamente dita por "sábios" de plantão. Ele usa os provérbios e faz um paralelo com princíios bíblicos que produz ensinamentos verdadeiros.

Pois bem, escrevo de um consultório médico. Trouxe minha mãe para um tratamento que faz vez por outra num excelente profissional, em Niterói. Como o tempo de espera lá se compara ao tempo de espera nos telefonemas para os call centers, vim previnido. Trouxe meu computador para poder continuar a escrever (estou preparando um novo livro).

Fiquei no corredor, na espera. Enquanto minha mãe aguardava, ouvia as conversas num pequeno espaço, esprimido entre os pacientes que esperavam.

O que as pessoas conversavam? Bem, o que as pessoas falam por aí.

Uma elogiava a novela das oito. Dizendo que a "fulana"trai o fulano na cara de pau! "E olha que ela nem é uma "gostosona"(sic) de primeira", dizia uma senhora enfurecida. Outra já dizia que se encontrasse o Malvino Salvador, nao sabia o que faria: "Ele me tira do sério!", dizia a senhora.

Uma outra dizia, "olha essa dor!!! Saravá meu pai", já deixando claro sua profissão de fé!

Outra reclamava do tempo aguardando...a reclamação era engraçada: POxa!!! Esse médico demora demais com os pacientes". Num tempo em que médicos atenciosos estão se tornando raros, a reclamação soava até como ironia.

Falavam sobre o a viagem, sobre os outros, sobre tudo...sobre novela, sobre doença (ah sim, sobre doenças então- a impressão que dá é que é uma comunidade do orkut "eu tenho um tipo de doença como voce!". Ah, sim, e não faltavam o comentário da novela das duas, que passava na televisão ao alto. Uma paciente chamou a atençao de todo mundo, quando uma cena inclinava para o barraco dos barracos. Ah ta, os atores são assim na vida real! Decretava outra.

E sobrou até para a vida particular do Pedro Bial (uma informava que ele tinha 5 filhos, um com cada mulher diferente - claro que não levo em conta ser ou não ser isso verdade).

As pessoas não tem nada dentro de si mesmas. Precisam de atores para salvar seu imaginário. Precisam de pessoas para para incendiar suas emoções. Precisam de fatos novos para renovar seus comentários. Precisam de fofocas para difundir seus mundos. Precisam de notícias para valorizar seus mundos.

Bem, é aí que entramos. Muitos de nós fazemos esta mesma agenda pessoal.

É aí que decidimos transformar nosso tempo em bom tempo. Isso porque podemos falar de tudo de novelas, de negócios, de futebol, sem que sejam as razões de nossas conversas. Temos que mudar o foco dos "papos"que acontecem por aí. Que tal falarmos de gente que sofre e que precisa de ajuda? Que tal falar de Santa Catarina e suas dores? Que tal nos incomodarmos com aqueles que foram feridos na alma e que precisam de nós? Que tal pensarmos um pouco na vida real que nos cerca? Que tal deixarmos um pouco a vida da TV que tanto nos assedia e procurarmos ver, de fato a realidade que nos cerca?
Que tal deixarmos de apreciar os pregadores da televisão e valorizarmos o pregador que põe o terno, apaixonado para falar a noite, numa capela pequena numa roça por amor a Deus e o evangelho?

Que tal sermos sinceros conosco mesmos, e pensarmos o quanto tem sido dificil para nós vivermos neste mundo sem fazer diferença? Muitos cristãos no mundo real, na vida real, tem sido apenas atores do mundo gospel, número na estatística do IBGE, registro nos anais da igreja e símbolo de uma religião que cresce no país.

O que as pessoas falam por aí, demonstra o que elas são e tem por dentro. O que nós somos por aí também.

28 novembro 2008

Me dê uma razão para crer em Deus!

Existem frases que chocam os cristãos e acabam por criar seleumas desnecessárias. O pior é que algumas frases ditas, ou pressupostos ensinados, por vezes distorcidos, são difundidos por religiosos evangélicos, meio inocentemente, meio ignorantemente, sem nem mesmo averiguar-se se tal frase foi realmente dita.
Me recordo quando dizia que "adorei alguma coisa", tinha sempre um ""bom" cristão para me corrigir e dizer que "adorar somente a Deus!". Quantas vezes ouvi que Marx era um demônio, simplesmente porque acreditava que a "religião era o ópio do povo". E é. Scorcese foi "queimado"vivo, depois do filme "A Ültima Tentação de Cristo", porque mostrou um Cristo mais humano do que os outros haviam acostumados a ver. Interessante, que mais humano do que Mel Gibson resolveu demonstrar impossível. Sobre o filme, da década de 80, milhões de cristãos ficaram horrorizados.
Na verdade, gente para defender a "sã doutrina" não falta. E defendem das formas mais bisonhas e vergonhosas que se pode ter. Nunca leram John Stott, portanto não descobriram que "Crer é Também Pensar".
Pessoas já me perguntaram, em meio a suas crises pessoais profundas, a seus abismos inesgotáveis: Pastor, qual a razão que eu tenho para crer em Deus?".
Nunca fiz dessa frase um pretexto para fogueiras "santas", nem para concílios unilaterais. Nunca imaginei disciplinar alguém, porque num momento de dor e de deserto imaginou perder a vontade de crer em Deus, ou mesmo esqueceu a razão.
Quando pessoas, que sofrem no deserto, perdem a visão do alto, é a hora certa de sermos agentes da graça, para ensinar-lhes o caminho da volta. É neste tempo em que centenas e centenas de milhares de pessoas questionam Deus, não por causa dele, mas por conta das milhares de religiões que professam o seu nome, que temos a missão de responder com autoridade "a razão que existe em nós".
É tolice imaginar que todos que falam algo contra Deus estão fazendo porque são ateus, ou filhos do diabo. Alguns estão fazendo como filhos desesperados, querendo chamar a atenção de Deus. Ele sabe como tratar seus filhos. Impressionante como queremos "proteger" Deus dos ímpios e dos maus.
Quando alguém pergunta "Qual razão eu tenho para crer em Deus? ", é a hora de dizer: NENHUMA, QUE TAL APENAS A QUE DEUS É CAPAZ DE AMAR ALGUÉM, COMO VOCÊ, QUE NEM ACREDITA QUE ELE LHE AMA DE VERDADE.

21 novembro 2008

NOVO LIVRO


Depois publicarei alguns trechos deste livro, que acredito irá abençoar milhares de pessoas.

16 novembro 2008

Com quem falar?

Muitas pessoas que passam pelo meu blog não deixam mensagens. Muitos escrevem para meu email (pr.wellison@gmail.com), para expressar suas mensagens, seus dramas, suas lutas e seus elogios.
Fico feliz, vez por outra de meus textos abençoar a vida de muita gente. Fico ainda mais feliz de saber que posso ser um ombro amigo, um ouvido ou um chegado desses que sofrem ou que vêem o evangelho como eu vejo.
Mas, me incomodo com o número cada vez maior de pessoas que vivem sozinhas. Sem ter com quem compartilhar absolutamente nada. Não são assim porque querem, mas por que não encontram quem compartilhar.
As vezes situações de nossa vida nos empurram para a solidão forçada. Com medo de expor, de se ferir, magoar ou entristecer, algumas pessoas se fecham, como numa concha, e suas histórias ficam trancadas dentro delas. A única questão é que nào produzem pérolas, como as conchas, mas doenças, emocionais, que por vezes, se somatizam de formas diferentes e surpreendentes.
Abra-se, seja amigo de alguém, e tenha um amigo de verdade.
Se desejar, estou por aqui, ou lá, pelo meu email, ou quem sabe pessoalmente, a depender da distância que temos.

01 novembro 2008

AMIGOS OU SERVOS?

Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, diz o poeta. Jesus disse assim "não vos chamo mais de servos, mas de amigos". Davi era amigo de Jônatas, e eles se amavam tanto, que a mente perturbada de alguns sugere mais que uma amizade. Na sociedade que vivemos, tão explorada e exploradora por sexo e atitutes contraditórias aos principios de Deus, ter este tipo de amizade é impossível ser pura e honesta.
Com os anos vamos aprendendo muitas coisas. Aprendendo a ganhar amigos, a preservar amigos, a recuperar amigos e saber quem são amigos, e é claro, quem não são.
Amigos para mim são aqueles que nos amam. Não são aqueles que falam o que gostamos. Não são aqueles que nos dão tapa nas costas, que nos convidam para um almoço informal. Amigos não são aqueles que vão em todos os nossos aniversários ou que lembram de nós na noite de Natal. Amigos não são os que nos dão carona, nem aqueles que não lhe desejam mal. Ah, amigos não são aqueles que o elogiam o tempo inteiro, nem mesmo aqueles que dizem que se orgulham de você. E com o tempo fui percebendo que amigos não são os que fazem promessa, nem mesmo aqueles que lhe dão presentes.
Com o tempo, vamos apredendo o que significa ter amigos e o que significa ser amigo. Percebemos também que algumas vezes não fomos, e em outras nao foram conosco. Enxergamos o que é perder amigos e ganhar novos.
A vida é assim, os amigos para mim surgem e se mantém com as características abaixo:
Amigos são aqueles presentes todas as vezes que você precisa, mas sempre que eles realmente podem.
Amigos são aqueles que nos dão presentes, quando querem dar, e quando podem dar.
Amigos são aqueles que nos elogiam, quando eles crêem que somos realmente o que eles estão elogiando;
Amigos são aqueles que lhe põe para cima, porque eles simplesmente querem vê-lo no alto, e não porque querem se apropriar de sua subida;
Amigos são aqueles que choram por você, e mais do que isso, choram com você;
Amigos são aqueles que nunca concordam com seus erros, mas estão sempre prontos para recomeçar tudo outra vez;
Amigos são aqueles que lembram as datas sem cobrança, sem necessidade de lembrar;
Amigos são aqueles que circulam a sua vida, durante toda a vida, sem a necessidade estúpida de estar presente 24 horas nela;
Amigos são aqueles que lhe trazem boas palavras, que lhe ampliam a alma com a sensibilidade que energiza nossa caminhada;
Amigos são aqueles que lhe ouvem, que lhe falam;
Amigos são aqueles que não cobram, que doam, sem a necessidade de provas diárias de amizade.
É verdade, amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, como disse o poeta, mais amplo do que isso, amigos não são servos, são apenas amigos ou amigos.
Jesus é quem estava certo. Para que chamar de servos, aqueles a quem queremos amigos? Amigos não são para nos servir, mas para servirmos. Amigos não são nossos escravos emocionais, mas companheiros na jornada da vida.
Bem, espero encontrar mais amigos que estejam dispostos a aceitar minhas virtudes, corrigir meus erros, sacudir a poeira, dar a volta por cima e compartilhar durante os anos da caminhada a doce alegria de ter gente por perto, a quem podemos de fato chamar de amigos.

21 outubro 2008

2a edição do Simplesmente Igreja


se você já leu este livro, se conhece, e desejar deixar um post aqui, eu agradeço. Veja a nova capa do livro. Vou postando aqui os emails que chegam falando do livro, quero estimular você a escrever ou quem sabe adquiri-lo. Abraços.

18 outubro 2008

Dados sobre Pornografia

A pornografia dentro das igrejas é real.
12% de todos os sites são pornográficos.
$97.06 bilhões é a cifra que a pornografia movimenta mundialmente.
O Brasil é vice na produção de vídeos pornôs, perdendo apenas para os EUA.
Por dia, 68 milhões de pessoas procuram por pornografia pelos sites de busca, praticamente 25% de toda procura mundial.
Por dia, 2.5 bilhões de e-mails são enviados e recebidos com conteúdo pornográfico, 8% de todos os e-mails do planeta.
De 100% da internet, 42.7% são freqüentadores de sites pornográficos e conteúdos relacionados.
Os downloads por mês de conteúdo pornográfico são 1.5 bilhões, 35% de todos os downloads da internet.
100.000 sites oferecem pornografia infantil.
10% dos adultos do mundo inteiro admitem estar viciados em pornografia na Internet.
39 minutos é o tempo que passa até ser feito um novo filme pornográfico nos Estados Unidos.
Você possui alguma pergunta? Em 2008 estaremos indo. Não queremos tirar o direito de qualquer pessoa ver pornografia. Isso não funciona e não é correto. No entanto temos algumas sugestões e respostas para as igrejas e pessoas que querem saber mais sobre a pornografia e como que ela atinge sua vida.
Fiquem ligados.
Dados retirados do site sexxxchurch.com - Este site é voltado para ajudar pessoas que tem problemas com pornografia, homens, mulheres, jovens, adultos, adolescentes. O trabalho é interessante, porque tenta trabalhar com as diversas taras que as pessoas apresentam. Lá é possivel encontrar muitos testemunhos de pessoas que vivem esta amarga experiência.

14 outubro 2008

Chega de Saudade

Minha infância foi moleca. Brinquei de tudo que podia, e conseguia. Fiz, tudo mal, mas fiz, com a maior alegria. Gostava de soltar pipa, rodar pião, jogar bola e bola de gude, nada porém tinha excelência, algumas coisas eram sofríveis mas me divertia. Não tenho saudade da minha infância, tenho apenas nostalgia.
Na minha adolescência tentei fazê-la a mais adolescente possível. Ria de tudo, sofria aos berros com algumas coisas que me afetavam, e agia com irresponsabilidade natural em alguns momentos. Não tenho saudade da adolescência, tenho apenas nostalgia.
Cheguei a minha juventude e desfrutei de uma outra forma. Casei-me cedo, e me tornei pastor quase ao mesmo tempo. Fui auxiliar já aos 24 anos de idade, e isso me causou alguns transtornos, assumi uma responsabilidade muito grande e pior, assumi uma postura legalista, em diversos momentos. Mas gostei da minha juventude, porque ria, fazia rir, assumia novas posturas, caía, levantava e aprendia. Foi maravilhosa a minha juventude. Mas nao tenho saudade dela, tenho apenas nostalgia.
Agora, na quarta década, assumo um outro perfil. Tenho que ser maduro, preciso ser resolvido em algumas questões que foram dramáticas em minha vida. A maturidade contudo serve para fazer você olhar para trás e saborear a vida com um outro gosto.
Hoje me aconchego a minha propria alma e percebo que a única coisa que dispenso de minhas fases passadas, são as seguintes:
a) Da minha infância dispenso a criancice de querer tudo para mim. De achar que o mundo gira ao redor de meu nome e que sou o centro de tudo. Essa infantilidade que muitos carregam anos a fio, mesmo tendo deixado a infância para trás, gera as mais ridículas e patéticas cenas dentro das igrejas, dentro das casas, dentro das empresas e tudo o mais. Adorei ser criança, mas concordo plenamente com Paulo "me tornei homem, deixei as coisas de menino". Quantos insistem em querer que o mundo gire ao seu redor o tempo inteiro, como se fossem o centro do universo?
b) Da minha adolescência dispenso a futilidade, irresponsabilidade e a volubilidade. Por quê depois de adulto vou querer comer e beber nos restaurantes da vacuidade? Por quê me tornaria escravo de opções vazias, que jamais vão preencher as mais profundas necessidades de minha alma? A irresponsabilidade também nào tenho saudades. Por quê jogar fora o que construiu, por decisões insanas? Por quê debochar de tudo que está a sua volta? Por quê transformar a Igreja num palco de minhas subidas e descidas desvairadas, sem compromisso nenhum com a fé que digo professar? E Chega de ser volúvel. Não posso sair por aí acreditando em todo o vento de doutrina que sopra sobre meu rosto e que vira as páginas de minha teologia. Me tornei adulto exatamente para não ficar sendo levado daqui para ali em todos os modismos teológicos e mais, em modismos existenciais que me chamem para vivenciá-los, não quero mais isso.
c) Da minha juventude dispenso o legalismo. Como me envergonho das vezes que tive que obedecer a determinadas regras impostas, que enfeiavam minhas mais singelas convicções de fé, de vida e alma. Era um jovem idealista, mas me deixei levar por uma religiosidade crocante, que fazia barulho ao ser mastigada com sabor. Eu dispensava "música do mundo", e tinha a "obrigação" de fazer meus amigos entrarem para os quartos nos retiros de carnaval, afinal de contas, eu era pastor. Desprezo meus deslizes, mas sobre eles digo que me sinto muito mais confortável do que com meu legalismo. Explico: O legalismo me impunha fazer coisas para os outros verem, que jamais me mudaria por dentro. Os meus deslizes me impuseram dor, vergonha e mágoa, mas sempre alterando um pouco, e para a melhor, aquilo que eu era por dentro.
Portanto, chega de saudades, ou nostalgias. O melhor da vida é para ser vivida na plenitude do tempo. Quero agora viver o melhor dos meus dias, até que outros erros me corrijam a caminhada, até que minha teologia seja fortificada pela fé singela, simples na pessoa de Deus, até que minha família cresça e amadureça para correr os riscos que eu também um dia corri para crescer. HOje, definitivamente, não é tempo de saudades, no máximo de nostalgia, para logo depois acordar e perceber que "nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, o que Deus preparou para aqueles que o amam". E eu O amo.

06 outubro 2008

Eleito

Em Nilópolis foi eleito para prefeito da cidade o sr.Sergio Sessim, o número 11. Em segundo ficou o sr.Manoel NECA, e em terceiro, para surpresa de muitos, o sr. Alessandro Calazans.
Bem, o que esperamos do novo prefeito, ou o que eu espero:
1) Limpe as ruas da cidade - ponha lixeiras espalhadas em cada esquina, e ensine a população a ser mais educada;
2) Pavimente (BEM!) as ruas da cidade. É díficil entender que quanto pior forem as ruas, menos as pessoas querem transitar no município? Ruas esburacadas, muitos quebra-molas;
3) A cidade não é pensada estratégicamente. Não é possível uma estrada pequena, como a Getúlio Vargas, ser o gargalo da cidade. O novo prefeito não pode permitir que por lá passem, além dos carros que vêm de Nova Iguaçu e os locais, Vans, kombis, ônibus, caminhões, táxis, motos, bicicletas, carroças, etc. É óbvio que vai ter um colapso nesta via.
4) Como é possível ter um calçadão, mais parecendo uma pocilga, numa cidade que já foi chamada de "princesinha da Baixada"? É um lugar que causa dois sentimentos: raiva e nojo! Gente demais esbarrando em você, barracas demais, camelôs demais, lixo demais, os produtos das lojas na calçada (Demais!), material pendurado demais, fios demais espalhados, barulho demais dos DVDs e CDs piratas - O calçadão é uma pocilga!
5) ONde estão as árvores da cidade? NAs sementes que ainda nem foram plantadas.
6) Alguém pode dizer ao novo prefeito que cor miserável de cidade é esta?
7) O HOspital Municipal precisa ser reequipado. É claro que continua uma demanda muito grande, em função do grande número de pacientes que vêm de outros municípios, e nào são poucos, então ponha o Hospital Alcebíades para funcionar para a população.
8) Crie postos de saúde para atender nos bairros carentes;
9) O novo prefeito precisa resolver a questao orçamentária em Nilópolis,para que os recursos sejam usados na educação, a fim de ampliar o número de alunos e dar qualidade ao ensino da cidade, que é precário, sofrível, com professores inclusive escrevendo istória, sem o H!!!!!!!!!!!
10) UM orçamento de 600 milhões, que tem o Município, creio que dá para fazer bastante coisa em 4 anos...
11) Então, bom trabalho prefeito.

04 outubro 2008

Eleições Amanhã

Amanhã é eleição municipal. Temos na cidade de Nilópolis três candidatos com reais chances de serem eleitos prefeitos desta cidade: Manoel NECA, Sergio SESSIM, Alessandro CALAZANS. É claro que não posso divulgar meu voto aqui, mas espero que esta cidade escolha aquele que pode tirar Nilópolis desta situação caótica em que vive: ruas intransitáveis (buracos, quebra-molas sem propósito), vias públicas sujas, escolas com tratamento zero, saúde doente, e...a cor da cidade, espero que o novo prefeito, seja ele quem for, mude isso.

25 setembro 2008

A Igreja tem cumprido seu papel?


Esta foi a pergunta do programa Antenados na Geral, que participei na tarde de quarta-feira, na TV Boas Novas, aqui no Rio canal 42. Estavam comigo o pr.Manassés da Assembléia de Deus e o pr.Jayrinho, também da Assembléia de Deus. Ao final da enquete feita no programa cerca de 58% disseram que não, que a Igreja não estava cumprindo o seu papel.

Confesso que durante um período do programa achei que estávamos como cachorros, correndo atrás do próprio rabo, dando voltas e falando a mesma coisa, com tons diferentes na voz.

A Igreja universal, aquela que chamamos de gloriosa, claro que cumpre seu papel. Claro que ela estará com Jesus. Claro, evidente que ela encontrará Jesus nos céus, ao soar da última trombeta. MAs esta pergunta que o programa trouxe a baila não tem a ver com esta Igreja, mas sim com as estruturas vigentes naquilo que hoje chamamos de movimento evangélico brasileiro.
Será que estamos, de fato, fazendo aquilo que agrada o coração de Deus? Será que temos sido sensíveis aos princípios fundamentais da Palavra de Deus.
Eu penso que a Igreja tem confundido show com adoração, tem confundido autoridade com autoritarismo e confundido amor e graça com manifestação barata de assistencialismo. Será que estamos nos trilhos, ou fora dele? Será que temos vivido com base num discipulado que altera o comportamento dos crentes já na segunda-feira, um dia após o culto, ou somos viciados na religião que "ordena, declara, decreta e faz"?
Não podemos esconder de nós mesmos aquilo que todos vêem. A Igreja tem gente santa, claro que sim! Este tema, contudo, só existe porque estamos falando de uma imensa massa de pessoas que aprendeu a frequentar cultos evangélicos como se frequenta um clube ou uma agremiação qualquer.
Pense nisso. E antes que alguém me acuse de falar mal da Igreja, digo que nao me julgue. Eu a amo, vivo nela durante a maior parte de minha existência, e pelo que vejo, os meus próximos passos, nos próximos anos, tem tudo a ver com ela.

20 setembro 2008

A quem interessar possa



No site da Igreja Bastista em Água Branca, São Paulo, pastoreada por Ed René Kivitz você encontrará diversas mensagem em MP3 que podem ser baixadas em seu compuador. Uma série especifica sobre os 7 pecados capitais são interessantíssimas, como não poderia deixar de ser as mensagens pregadas por este excelente pregador...e escritor. Vale a pena. Aí vai o link da Igreja http://www.ibab.com.br/.

13 setembro 2008

Nunca deixei de crer

Eu nunca deixei de crer nos milagres de Deus, mas desde que me entendo por crente, desconfiei de todas as publicidades que faziam dos que praticavam a cura. Me constrange ver que a propaganda de quem diz que cura é maior do aquele que de fato cura.
Eu nunca deixei de crer nas profecias de Deus, mas desde que me entendo por crente que fico perplexo com aqueles que dizem que falam em nome de Deus coisas que Ele jamais mandou que dissessem.
Eu nunca deixei de crer na necessidade da fé em Deus, mas desde que me entendo por crente, me escandalizo com aqueles que O desafiam apenas para provar para os outros que crêem. A fé que dizem ter é sempre maior do que a fé que os outros tem. Me assusto com quem tem fé-demais.
Eu nunca deixei de crer na Igreja de Deus, mas desde que me entendo por crente é que sinto o cheiro fedorento dos corredores das denominações, com negociatas políticas, propinas "santas", conluios em prol da sã doutrina e mesas diretoras com "irmãos" que não se suportam concorrendo aos cargos.
Eu nunca deixei de crer na Bíblia, mas desde que me entendo por crente, é que me enjoa facilmente ver pessoas usando o texto bíblico despudoradamente, como se fosse um pé de coelho, uma ferradura ou pior, um alquimista a procura de soluções transcendentais, misturando a fé evangélica com macumbaria, e à lá Vinicius de MOraes, "abrindo o neruda e apagando o sol, misturando poesia com cachaça e acabando discutindo futebol". Vacuidade, nada mais do que isso.
Eu nunca deixei de crer na necessidade de evangelização, mas desde que me entendo por crente, fico ruborizado em ver nossas ações serem todas para "ganhar os perdidos" e não para ser expressão da graça de Deus em abençoar pessoas, ajudar o próximo e alterar o status quo, dando um pouco mais de significado as palavras amor, graça e igreja. De certa forma somos tarados pelos perdidos, embora não sejamos de fato apaixonados por pessoas.
Eu nunca deixei de crer no amor, mas desde que me entendo por crente, percebi que falamos muito sobre ele, mas o praticamos quase nada. O amor é apenas um pretexto para algumas de nossas ações, ascenções e pretensões. Para muitos o amor é cântico, é culto, é encontro e abraço, nada mais do que isso. Amamos o mundo, amamos o não crente, amamos as almas perdidas, amamos até o limite de nossos mais íntimos interesses. O amor que muitos cultivam só tem nome, poucos endereços e uma enorme capacidade de desmentir-se.
Eu nunca deixei de crer no que creio, por isso que prefiro não surfar nas ondas do que sempre vi, elas não me levam no lugar onde tanto desejo: a mente de Cristo.

06 setembro 2008

Conselhos a meu filho adolescente


Querido filho, resolvi lhe falar algumas palavras. Já é meio tarde, é verdade, mas amanhã é sábado, e creio que posso dormir mais um pouco. Hoje estaria em Alagoas, se o convite não fosse cancelado na última hora. Bom para nós dois. Tá certo, voltaria já no domingo, mas dois dias para nós sempre são longos nestas viagens intermináveis.

Sabe filho, viva sua adolescência com toda a energia. Ria muito como é comum de sua idade, brinque o máximo que puder, faça amigos que dure até sua fase adulta, e some experiências ao máximo que conseguir.

Seja divertido, deboche da sisudez da vida, se escangalhe de rir das dificuldades que ficaram para trás e seja perspicaz na hora de contar coisas engraçadas. Quanto mais rápido você pensar, mais engraçado.

Seja sincero e sensível. Procure olhar para as pessoas e preocupar-se com elas. Pergunte como elas estão, chame-as pelo nome. Valorize os idosos, caminhe com eles, ouça seus conselhos, eles serão úteis.

Aproveite (sem querer legislar em causa própria) a presença de seu pai e de sua mãe. Curta a vida com eles ao máximo. Administre cada minuto conosco, de forma a não desperdiçar nada, nem se arrepender depois de não ter curtido tudo que podia.

Olha filho, cuidado com as amizades. Elas nem sempre são sinceras, e muitas vezes não são boas. Já conheci meninos que deixaram casa, pais, estudos, namoradas, por conta de amigos que os levaram aos piores descaminhos. Não os escolha e nem deixe que eles escolham você.

Cresça acreditando em Deus, vivendo com Ele experiências que serão úteis todos os dias da sua vida. Mas não seja religioso. Eu sei, eu sei, ser filho de pastor gera sempre uma responsabilidade a mais, no pensamento dos outros. Portanto saiba que para mim você é filho e não filho do pastor. Para Deus você é filho e não filho do pastor, portanto que os outros cobrem. Não ligue. Seja um apaixonado por Deus e jamais pela religião. Não se escravize por isso e não se encaixote na perspectiva alheia

Como você já me ouviu falar diversas vezes se desejar ser "evangélico", seja do Cristo, não das denominações rotulantes, nem das religiões frívolas dos dias atuais. Não se impressione com mega templos, multidões ou luzes, porque tudo isso para nada servirá no dia do juízo.

Eu sei filho que você irá crescer e com isso descobrirá muitas coisas acerca do mundo em que vivemos.
Descobrirá, por exemplo, que não se pode confiar em todos, e muito menos naqueles que aparentam mais piedade. Deteste pessoas que oram o dia inteiro, mas compram DVD pirata em nome de Jesus. Aborrreça daqueles que choram nos cânticos de comunhão no culto, mas usam a lingua afiada para "matar"o seu irmão.

Ao crescer filho tome muito cuidado com os abraços. Eles não dizem nada! Muito menos com os parabéns de todos. Você aprenderá, com a vida, que os verdadeiros amigos são aqueles que estarão com você em toda a caminhada, e não apenas quando as coisas vão realmente bem. Os amigos de verdade lhe dirão tudo que está errado e os amigos de mentira procurarão bajular-lhe.
Ah, filho, cuidado se você tornar-se uma figura pública. Isso demarca nossa vida. As pessoas sentem no direito de vigiar seus passos e tomar conta, de forma subliminar, de toda a sua caminhada. Serão poucos os que respeitarão isso, serão muitos os que atravessarão as fronteiras entre o bem vindo e o incoveniente.

Cuide do coração e principalmente dos relacionamentos que surgirão. Procure uma pessoa certa, faça de tudo para cuidar da melhor maneira possível aquela que você escolher para amar. Seja um bom pai, na hora certa, com a mulher certa, seja exemplo para ele.

Faça o bem filho. Parece pouco, ou nada diante de tantas necessidades, mas você verá que atravessar um cego no sinal pode ser sinal de paciência, resignação e bondade. Se todos forem iguais a você, sua geração será ainda mais maravilhosa.

Antes que eu esqueça, leia a Bíblia. Mas leia para valer. Ela só será comida e bebida se for aberta com fome e sede de Deus. Muitos usam a Bíblia, andam com ela, mas ela não muda nada na vida de muitas pessoas.

E lembre-se da experiência do rádio que contei no último sermão que você ouviu, naquele congresso. Não faça o que quer, não insista em viver com vontade propria. Submeta-se a Deus e deixe ele controlar as decisões importantes de sua vida.

Obrigado filho, porque hoje você já é muito do que tenho sonhado para você. E mais, você é para mim o sonho que todo o pai sonha ter.

Existem ainda mais conselhos, muito mais, que ao longo da vida fui aprendendo, com os meus erros e acertos, os erros foram fundamentais, porém, para crescer.

Filho não se esqueça: dê conselhos ao meu neto quando ele começar a compreender, do mesmo modo como você compreende hoje.

03 setembro 2008

Simplesmente Misericordiosos

Posto aqui o capítulo três do meu livro "Simplesmente Igreja", 2a edição que será lançado até o mês de outubro. Espero que gostem.
“Eu acho esse o mais precioso de todos os dons das listas bíblicas”
David Kornfield, no livro “Descobrindo Dons Espirituais e Equipes de Ministério”.

“Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Jesus de Nazaré, no Sermao da Montanha.


CAPÍTULO TRÊS

SIMPLESMENTE MISERICORDIOSOS

“Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caiu na mão dos salteadores? Respondeu o doutor da Lei: aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus, vai e faze tu o mesmo”.[1]
Milhões de pessoas no mundo inteiro recorrem a terapeutas profissionais, no desejo de colocar em ordem as varias manifestações de enfermidades da alma.
Consultórios lotados, listas de pessoas carentes aumentando, vivendo os dramas da vida, que com a fragilidade emocional são impedidas de resolve-las, criando as patologias mais complexas.
Muitos não possuem amigos, nem em quem confiar. Experiências frustradas tornam tais pessoas cada vez mais amargas.
Este é sem duvida o retrato da sociedade pós-moderna: gente infeliz, adoentada, carente em suas necessidades emocionais e precisando de ajuda, de apoio e conforto.
É aí que acredito que a Igreja pode ser uma agencia do Reino de Deu agindo terapeuticamente na sociedade.
Como isso é possível? Como ela pode agir terapeuticamente na vida do individuo nos dias atuais? As palavras do experiente terapeuta americano Dr.Larry Crabb me impressionam pela luz no fim do túnel que ele enxerga:
“Ele (Deus) infundiu em nós uma energia capaz de curar as doenças da alma, uma força que entra em ação para operar os prodígios quando nos relacionamos uns com os outros de determinadas maneiras. A dificuldade é que não cremos nisso e, portanto, não refletimos muito sobre o assunto. Mas isso pode mudar [...] vislumbro uma comunidade de pessoas que deliberadamente se combinam em ambientes onde esses nutrientes são intercambiados, onde eu derramo em você os meios de cura que tenho em mim, e você derrama em mim o que Deus incutiu em você”.[2]
Como é possível tornar-se uma comunidade terapêutica na vida de homens e mulheres, tornando saudáveis a vida daqueles que nela comungam?
Para responder esta pergunta tomaremos como base o ministério de Jesus. Ele foi marcado por uma manifestação inquestionável da terapia divina na vida de muitas pessoas.
Nos anos de seu ministério aqui na terra, o Messias conseguiu aliar sinais e prodígios e atos de misericórdia.
Este é o modelo do Cristo. Muitos insistem em operar sinais, sem humildade, prodígios sem misericórdia e milagres sem louvor a Deus.
A Igreja de Jesus promove a reorganização do homem, nos vários sentidos e possibilidades.
Quero incentivar você querido leitor a dispor-se a agir, assim como Jesus, na restauração dos homens. Quero incentiva-lo a enxergar como a Igreja pode, na sua experiência diária, ser agente de saúde para o corpo e vida para os que encontrarem sua mensagem.
Para isso é fundamental compreender o ministério de Jesus de Nazaré. Algumas de suas experiências mais profundas servirão de alicerce para ensinamentos diversos à Igreja, num tempo de angustia na alma do povo. Como isso pode se dar?
A Igreja é uma comunidade terapêutica todas as vezes que é instrumento de Deus para minimizar o sofrimento humano
“Quanto a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda a parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.”[3]
Jesus andou por toda a parte fazendo o bem e curando toda a sorte de enfermos e dominados pelo diabo. À luz dos evangelhos, Jesus conseguiu transformar a dor, a solidão, o fracasso pessoal em bênçãos variadas. O que Lucas escreve em Atos é fruto das experiências vividas por Jesus em Seu ministério.
O autor de atos, que também escreveu um evangelho que leva o seu nome, registra com clareza impecável um pouco do que o Mestre fez:
“Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levaram para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela e disse-lhe: Não chores! Entao, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: levanta-te. O que estivera morto sentou-se começou a falar. Então Jesus o entregou a sua mãe.”[4]
Ao entrar na cidade chamada Naim, que ficava ao Sul da Galiléia, Jesus se depara com um dos momentos mais dolorosos na vida do ser humano, a morte. Mas não era um evento qualquer, ali estava o filho único de uma mulher, o que agiganta em dramaticidade aquela cena.
A viúva não tinha nome, não tinha identidade, o único registro é que ela chorava copiosamente a morte de seu filho. Pense na história desta mulher. Perdera o marido, agora o único filho.
Por muito menos pessoas perdem o sabor da vida, e a alegria por ela. Muitos se isolam num universo de tristeza e amargura. Aquela mulher estava fadada a este fim.
Diz o texto que Jesus sente compaixão, se aproxima e ressuscita o menino – mas a tônica de suas palavras é que de fato irão promover todo o milagre: Mulher, não chores! Sinais e prodígios, mas com misericórdia.
Quando a Igreja está disposta a gestos de misericórdia mais do que gestos espetaculares, demonstra desejar ser uma comunidade de ações restauradoras. Disposta a minimizar o sofrimento humano. Não foi à toa que o Mestre afirmou: “vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”.[5]
Esta é uma geração de pessoas enfadadas, cansadas de tudo:de viver, de chorar e de sofrer. A Igreja precisa ter uma mensagem e uma atitude em relação a estes corações.
A mensagem é clara: Há consolo! A atitude é inquestionável: compaixão.
Quando alguém procura uma Igreja está a procura de compaixão – embora alguns escândalos que acabamos por provocar, como instituição, quando as pessoas procuram uma Igreja é porque estao cansadas e precisam de alguém que lhes demonstre compaixão.
É preciso olhar para as pessoas sofridas, no desejo mais amplo de poder abençoá-las, através da descoberta de um caminho de alegria no coração.
Ao olhar para o ministério de Jesus percebe-se uma preocupação do Mestre em ver pessoas que sofriam não sofrendo mais, em ver pessoas que choravam não chorando mais, em sentir compaixão pelos que gemiam na solidão da vida.
A Igreja é uma comunidade terapêutica todas as vezes que é instrumento de Deus para ministrar o perdão à vida das pessoas
“mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Pela manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo vinha ter com ele; e Jesus, sentando-se, o ensinava. Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Ora Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu pois, o que dizes? Isto diziam eles, tentando-o para terem do que o acusar.
Jesus porém inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra. E tornando-se a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus e a mulher. Então perguntou a ela: Mulher onde estao os teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém Senhor. E disse-lhe Jesus: nem eu te condeno; vai e não peques mais”.[6]
A cena de Joao 8.1 a 11 é nublada. Uma multidão, uma mulher ao centro, porque era o centro da atenção da multidão, e Jesus.
O Filho de Deus estava diante de uma turba sem nome, sem identidade, sem caráter, e de uma mulher marcada pela vergonha e dor, condenada a morte.
A Lei era severa: “aquele que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher de seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera”.
Os que levaram à mulher a Jesus sabiam que a Lei deveria ser cumprida. Mas esta não era a intenção deles. Até porque para a Lei ser cumprida na íntegra faltava um personagem que eles não estavam nem um pouco preocupados em condenar. O que eles queriam era arrancar do Senhor uma decisão equivocada, para que pudessem encontrar uma falha.
Se o Mestre absolve a mulher, contraria a Lei, se a condena, contraria seus princípios de amor e misericórdia.
Jesus escreve no chão. Seus dedos rasgam a o chão batido, formando palavras que nunca foram reveladas. Enquanto isso, ao redor, os homens respiravam ódio, a mulher medo e o mundo espiritual vivia a expectativa de um ensinamento que atravessaria gerações.
Ele diz: “quem não tem pecado que atire a primeira pedra”. Nenhuma condenação. Nenhuma absolvição. Apenas cada um em seu lugar.
Diz o texto que um a um foi largando as pedras e deixando o tribunal montado na rua, em plena luz do dia, ficando somente o Mestre e a mulher pega em flagrante adultério.
Jesus a libera: “vai e não peques mais”. Este texto não fala de outra coisa senão de perdão.
Ser terapêutica envolve vencer pré-conceitos e ministrar perdão ao coração humano.
Tenho visto que, ao longo dos anos, perdemos mais pessoas porque nos intimidamos diante da necessidade em ministrar perdão. Em nome da manutenção de ministérios, de ministros ou instituições, vemos pessoas capazes, piedosas, mas que foram tragadas pelo poder avassalador do pecado foram tratadas como escória de tudo e de todos, desapareceram da cena evangélica, simplesmente porque não encontrou o caminho restaurador do perdão.
A mulher descrita no capitulo 8 de João é posta no meio de todos. Até chegar ali é bem possível que já tivesse passado pelo corredor da vergonha, sendo cuspida, maltratada e envergonhada até o limite da honra que uma pessoa pode suportar. Além disso teria que conviver com as marcas incorrigíveis que ficariam na memória.
É aí que a Igreja se torna uma comunidade de misericórdia, quando reafirma o direito de todos de um re-começo, exatamente como o Filho de Deus fez.
Quantos hoje que conosco estão não são frutos do amor encontrado, da compaixão compartilhada e da força emergente maior que toda a opressão maligna que opera sobre a vida dos “devedores”?
Num outro precioso livro do Dr.Larry Crabb, “O silêncio de Adão”, numa de suas páginas, o autor descreve um discurso de um pai para com o filho, demonstrando todo seu cuidado e preocupação.
Rapidamente me fez lembrar como Deus nos compreende e age em favor de seus filhos, em meio a torrente de nossas fragilidades.
No texto de Crabb o pai se harmoniza, desce ao tamanho do filho e as carências da alma e os fracassos da vida. Deus não é fraco, não tem as mesmas fraquezas que nós, mas sabe o que somos, como somos e porque somos assim:
“A mensagem do pai piedoso é ouvida pelo filho: ‘Você não está sozinho. Estou ouvindo. Ouço sua dor. Eu nunca lhe contei os detalhes de minha batalha com a lascívia, cobiça e orgulho, e você nunca me contou as suas. Mas sei que elas estao aí. Nada me chocaria. Eu também sou homem. E nada coloca você além do alcance do amor de Deus. Sua graça é tão maior do que o nosso pecado quanto a Terra é maior do que um grão de areia. Somos ambos homens decaídos que ainda não foram livrados da presença do pecado. Sei que a vida é dura, às vezes apavorante, muitas vezes indizivelmente dolorosa. Eu sofro com você, quando você se preocupa com o problema de dinheiro, decepções na carreira, problemas na família. Sinto o peso de suas perguntas e orações respondidas; conheço a escuridão que você sempre enfrenta. Mas sei o que Deus prometeu fazer. Portanto posso ouvir sobre seus problemas sem cair aos pedaços ou precisar salvá-lo. Em suas alegrias e tristezas, eu lhe dou a minha presença. Estou com você!”.[7]
Deus também está conosco nos momentos mais dolorosos de nossa vida.
O perdão é restaurador. Quando a igreja descobrir o valor e o alto preço do perdão seremos capazes de olhar para os que erram como instrumentos de Deus, para trazê-los de volta do mundo da vergonha, da dor e da humilhação, para a convivência sadia com os outros.
Perdão é para ser ministrado a gente quebrantada, humilhada e sofrida pelo próprio erro.
Mais uma vez a sobriedade e serenidade de Brenan Manning me salta aos olhos:
Quando vemos o Mestre perdoar a prostituta e absolver todos os seus pecados em virtude de seu grande amor (Lc 7.47), percebemos a alegria de Deus nos encontrando novamente. Descobrimos que essa alegria é capaz de soterrar todo o mal que cometemos. Podemos finalmente parar de nos preocupar com o passado, com extensão de nossa culpa, e com os limites do amor e da misericórdia.”[8]
O cantor e compositor Sergio Pimenta, pouco antes de sua morte, ainda no leito do hospital, compôs uma canção de inefável sensibilidade, onde afirmava que só sabe a dor quem já sofreu. Só quem sofreu, dizia ele, sabe avaliar quem sofreu.
Só quem errou é capaz ou é capaz de errar sabe avaliar a dor e o peso de um tropeço. Eu já senti esta dor, e por diversas vezes posso dizer, por isso sei o tamanho da dor dos que precisam.
A igreja é uma comunidade terapêutica todas as vezes que é instrumento de Deus para o consolo e conforto do ser humano
“Disse Jesus à mulher: Não chores!” (Lucas 7.13)
Já deu para perceber o quanto as pessoas estao feridas, não deu? Estão vivendo uma sensibilidade a flor da pele, intocável e quase que incurável.
Sofrimento que as tem transformado em zumbis, caminhando sem direção. O índice de suicídios tem aumentado a cada dia. O sofrimento tem chegado as raias da loucura.
Homens, mulheres, jovens, adultos, se encontram num beco de emoções mal tratadas. São vasculhadas pela vida e despidas de fora para dentro e de dentro para fora, ficando a mercê de todas as setas, se vendo num raio x emocional, onde tudo obrigatoriamente é revelado.
A tônica do Filho de Deus era consolar e confortar o coração das pessoas.
Mais uma vez volto a mulher da cidade de Naim. Ao vê-la Jesus lhe dá logo uma palavra de conso: “Não chores!”. Antes de ir à casa de Jairo ressuscitar sua filha afirmou aos que estavam ao redor: “Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não está morta apenas dorme!”.[9]
Esta é a mensagem (e antes que me acusem de sugerir que as pessoas não podem chorar, afirmo que a intenção aqui é de que há esperança em meios as nossas lágrimas, inclusive as minhas) que a Igreja deve anunciar aos que sofrem. Palavras de conforto, de consolo, de ânimo para todos que vivem neste mundo decaído.
Precisamos dizer às pessoas que elas possuem um valor especial para Deus e para os outros.
Nós possuímos esta mensagem: as pessoas são alguém. Há muitos que se acham fracassados antes de tentarem, e nós podemos ser agentes de Deus para ajuda-los a chegar no fim da história como vitoriosos.
A igreja é esta comunidade terapêutica ao descobrir que tem o poder de consolar os que estão caídos dentro de um universo de “pequeno polegar”. Somos a comunidade de Deus quando decidimos consolar milhares que caíram no buraco negro do fracasso existencial.
Quanto mais leio sobre o ministério de Jesus, mas me convenço que suas mensagens e atitudes não tinham outro objetivo, senão arrancar do peito dos que lhe ouviam todo tipo de fracasso ou pensamento que esvaziasse o sabor pela vida.
Basta olhar para os discípulos de Jesus e perceberemos que Ele os tirou de uma vida anônima e sem graça e os fez participantes de uma história com significado para a humanidade.
Mateus era um cobrador de impostos cuja profissão era tão desprezível que nem penitência era aceita pelos seus pecados, afirma o historiador Joaquim Jeremias.[10] Contudo, através do Cristo ele se torna autor de um dos evangelhos mais lidos em toda a terra.
Pedro era um pescador rude, truculento, mas que depois de um encontro pessoal e transformador com o Mestre, tornou-se um mártir e um poderoso pregador do Evangelho.
Estes exemplos importam para dizer que a Igreja tem esta mensagem, de que o homem pode livrar-se de todo o peso e desconforto que encontra na vida, encontrando-se com Deus. Mas a Igreja não basta apenas saber desta verdade, é necessário vivê-la, experimentá-la e anunciá-la.
A igreja é uma comunidade terapêutica quando é instrumento para promover o renascimento e a igualdade entre os homens
Dois anos depois retornei a Igreja de negros que havia visitado nos Estados Unidos, para participar da celebração pela manhã. Mais uma vez me deparei com as músicas repletas de alegria e uma pregação vibrante, emocionada e profunda.
Fui transportado ao Mississipi, da década de 50, cidade ao Sul do país, onde os filmes retratavam a rica cultura litúrgica dos negros americanos.
Entretanto , ao mesmo tempo em que desfrutava daqueles momentos de alegria, sentia uma sensação de frustração por lembrar que muitas vezes a Igreja, nos Estados Unidos mesmo, confundiu-se em meio as lutas entre brancos e negros.
A igreja concretizou um pecado histórico, dividiu-se entre brancos e negros, ricos e pobres, cultos e ignorantes. Foi tomada por um espírito “judaico-cristão”, e muitos não conseguiram conviver com os samaritanos modernos.
Não foi assim com Jesus. No ministério do Filho de Deus encarnado como homem, o espaço para a igualdade se tornou a melhor terapia para os grupos fracassados, expoliados e necessitados.
Basta olharmos com atenção para o Novo Testamento, e encontraremos nos evangelhos Jesus pondo em lugar de honra as pessoas que ele considerava especiais.
Para Ele todos poderiam se tornar filhos de Deus. Paulo interpreta o modelo do Cristo da seguinte forma: “não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos”.
O comentarista Ralph Martin diz que “de modo magnífico, todas estas estratificações e hostilidades sociais são removidos na asseveração de que Cristo é tudo que os homens precisam para entrarem num mundo novo, e Ele está em todos, independentemente da sua condição anterior no mundo antigo”.[11]
Na Igreja a igualdade é marcada pela igualdade no batismo de Cristo e não pelas posições sociais alcançadas, visão que certamente Paulo aprendera com o Filho de Deus.
A sociedade moderna (e até pessoas dentro da Igreja), desfaz, humilha, esquece de todos aqueles que se tornam minoria ou que não encontraram seu espaço entre os “normais”.
Na igreja de Cristo há de ser diferente. A marca do cristão do Cristo é promover entre todos um sentimento de solidariedade , capaz de afugentar o triste e pavoroso fantasma da solidão existencial.
Diga-me, não é terapêutico este tratamento? Cuidar das pessoas tornando-as iguais?
Em Lucas 10.25-35, Jesus narra a parábola conhecida como a do “Bom Samaritano”. No texto é ressaltado que o Samaritano não deteve-se por conta da religião de fazer o bem ao homem caído na estrada.
Contudo, o grande conflito (Jesus estava num debate teológico com o doutor da Lei) não era a respeito do moribundo, mas sim da presença caridosa do Samaritano.
Jesus o vê como igual, como ser humano, independente das diferenças sociais ou religiosas que ele carregava.
Talvez fosse sobre esse assunto que ele pensou ao escrever a trilogia dos perdidos, também no livro de Lucas, no capítulo 15.
Destacam-se três personagens: o pastor das ovelhas, a mulher das moedas e o pai dos jovens.
Para cada um desses havia algo perdido. Para o pastor das cem ovelhas, uma estava perdida, ou seja um por cento do seu rebanho. Para a mulher das dez moedas que possuía, uma se perdeu, numa matemática simples, dez por cento das moedas estava perdido. E por fim, para o homem que tinha dois filhos e vê um se perder, ele havia de fato ter visto ir embora cinqüenta por cento dos seus rebentos.
A matemática é fria, o cálculo é exato. Para um materialista ou calculista frio, quem menos perdeu foi o pastor que entre cem ovelhas, apenas uma foi embora, o que não precisaria nenhum esforço para recuperá-la.
Não era assim para Jesus. Não importa se são um, dez ou cinqüenta por cento, se está perdido é preciso fazer de tudo para resgatar.
A Igreja é uma comunidade terapêutica exatamente quando afirma a possibilidade das pessoas renascerem e serem iguais.
É no Corpo de Cristo e, somente nele, que há espaços para assentarem-se à mesa engenheiros, doutores, serventes ou faxineiros, cultos ou ignorantes. Somente na igreja de Cristo é que podemos cuidar dos solitários, abandonados e os marginalizados pela vida, tornando-os cidadãos do mundo e cidadãos dos céus.
Eu penso numa Igreja assim, pela simples razão de crer num Jesus assim.
Recomeços para quem chegou ao Fim da Linha
Acredito numa igreja que pode se tornar o hospital emocional mais significativo da sociedade. Não um que hospede apenas loucos, condicionado a valores abstratos, sem comunicação com o nada. Mas sim capaz de promover a libertação, através da mensagem de Cristo, de muitas pessoas que a ela se aproximam.
Será utopia sonhar assim, mas não é para isso que existe a Igreja?
Creio que sim, porque ela não é o Rotary, ao contrário, é uma comunidade de pessoas que, por força espiritual, já tiveram uma experiência de aconchego por parte de alguém muito especial, que é Deus.
Quantos na igreja que pastoreei chegaram bêbados, tortos, semi-mortos? Uma dessas ovelhas um dia me disse: “eu era temido por todos, mas nunca respeitado. Quando encontrei-me com Jesus passei a ser respeitado, e nunca mais temido”.
Quantos que foram expostos ao pecado, à queda, a dor, a humilhação, e foi no aconchego da igreja que encontraram razão de continuar a caminhada?
Foi no calor dos que já sentiram a cor da dor que resolveram insistir com a vida.
Permita-me fazer uma pergunta no final deste capítulo: como você enxerga a sua igreja? Pare, pense e avalie agora, depois responda. Mas cuidado para não avaliar a luz dos outros, espero que você seja sincero e honesto a ponto de avaliar a luz de você mesmo, a ponto de desejar ser instrumento de Deus para fazer de sua igreja uma comunidade de misericórdia.
Num tempo como este em que estamos vivendo, agitado mas solitário, onde amigos são raros e conselhos escassos, a Igreja tem nas mãos a responsabilidade de ser um hospital dos corações humanos, gerando vida, alegria, paz e sentimento de vitória na história humana.
Contudo, não é uma vitória ufanista, onde decretamos e ordenamos Deus produzir sucessos repentinos, como se lidássemos com Aladim e a Lâmpada Mágica.
Falo de uma igreja que consegue olhar para o ministério de Jesus e perceber o quanto ele está próximo de quem não possui nada nem ninguém por perto.
É deste modo de enxergar o cristianismo que escrevo. É neste desejo intenso que sonho em uma igreja que seja capaz de dar uma “mãozinha” a quem deseja, com uma intensidade maior: descer ao tanque Betesda.
“Queres ficar são? Perguntou-lhe. Respondeu o enfermo: Senhor não tenho ninguém que, ao ser agitado a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Disse-lhe Jesus: Levanta-te toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem ficou são...” .[12]
Que o avivamento da misericórdia aconteça!
[1] Lucas 10.36,37
[2] Crabb, LArry – Conexão, Mundo Cristão, pp. 12-13
[3] Atos 10.38
[4] Lucas 7.11-17
[5] Mateus 11.28
[6] João 8.1-11
[7] Crabb, Larry – O Silêncio de Adão, Sepal, pág.202.
[8] Manning, Brenan – Convite a Loucura, pags. 93,94.
[9] Mateus 9.18-26
[10] Jeremias, Joaquim – Jerusalém nos dias de Jesus, Edições Paulinas
[11] Martin, Ralph – Colossenses e Filemon, Mundo Cristão, pág, 119.
[12] João 5.7-9

29 agosto 2008

Cada um tem o evangelho que merece

Já algum tempo tenho compartilhado neste blog minhas sucessivas reflexões sobre o evangelho vivido pelos evangélicos no Brasil neste tempo. É bem verdade, para ser honesto com o evangélico brasileiro, que este fenômeno de transição entre as mensagens variadas que povoam a mente de todos não é uma particularidade tupiniquim. Nem poderia.
Muito do que temos aqui, há mais de cem anos, tem ligação direta com "produtos" importados, seja vindo dos Estados Unidos, Coréia, Argentina, Colômbia, Nigéria ou em qualquer lugar que um movimento cristão esteja tendo sucesso.
Digo sucesso diante do fato de ver igrejas repletas de pessoas, programas variados e métodos copiados e ampliados.
Veja se não é assim. Dos Estados Unidos importamos Benny Hinn, Rick Warren, da Coréia as orações específicas de Paul (ou David, ou Paul, não, não é David...ah,virou Paul de novo? Nossa! Niguém avisa!) Yong Choo, da Argentina os salmos de Juan Carlos Ortiz e apóstolos que surgiram em profusão. Da Colômbia trouxemos Cesar Castellãno e o G12, que deixou o nome de lado, tamanha a confusão que gerou em terras verde amarelas, e por aí vão nossos avivamentos importados.
Entretanto, a essência do evangelho vai ficando em segundo plano.
Quando leio os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, me deparo com uma mensagem única e corajosa. Não há métodos, não há políticas, não há estruturas, nem juntas, há apenas o amor de um homem pela humanidade, sendo verbalizado das maneiras mais distintas.
Jesus afirmou à mulher que perdera seu filho: Não Chores! À filha do homem que chorava, levanta e come! A multidão que o assistia Jesus as alimentou, tanto com o pão dos céus, como com o pão da mesa.
O evangelho do Nazareno era simples. Continha uma lei "amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo", sentenciou. Suas mensagens não tinham nada de mirabolante. Embora muitos o vejam como o "Maior Psicólogo da Terra", ou ainda "O Maior Líder de Todos", ele se apresentava como aquele "que veio para servir e não ser servido".
O Filho de Deus deixa o legado de um evangelho sem modismos. Sua mensagem incluía a graça para os necessitados e a paz para os aflitos.
Jesus nunca falou em avivamentos dos números, "dois ou três" já eram suficientes para se ver a presença de Deus e consequentemente sua glória. Hoje, cultos vazios são sinais de ausência do poder do Altíssimo em alguns lugares, para algumas teologias e principalmente para alguns pastores.
Sua pregação era simples, o seu grande alvo era ser entendido, por isso tudo que dizia era "em verdade, em verdade".
Hoje em dia vivemos o evangelho do mundo gospel. Infelizmente não conseguimos distinguir o que é do mundo e o que é do gospel, pelo simples motivo de não sabermos bem o que é gospel e o que de fato é mundo.
Isto porque o mundo que se chama gospel virou mais mundo do que gospel. Haja vista que os pastores agora cobram cachês para pregar, os cantores evangélicos introduziram uma interpretação absolutamente interesseira ao termo "levita" e as Igrejas se tornaram mais shopping centers do que comunidades de expressão de graça e amor.
As rádios evangélicas tocam todo o tipo de música evangélica, desde que o interesse de vender os CDs sejam alcançados. Os livreiros evangélicos comemoram o mercado abarrotado de mercadorias e as feiras, expos, etc, se orgulham de vender milhões em artigos evangélicos, que vão desde camisetas cristãs a dentaduras evangélicas.
Que evangelho é esse que muitos gostam e estão vivendo? Na verdade isso não importa nem mesmo a resposta, as pessoas escolhem aquilo que desejam, afinal de contas, cada um tem o evangelho que merece.

28 agosto 2008

Mais uma vez


Assisti a pouco a mais uma vitória do Botafogo. Agora a vítima da vez foi o Atlético Mineiro, adversário que já viciamos em ganhar.

Mais uma vez meu time jogou bem e mais uma vez posto aqui neste blog uma palavrinha sobre ele.

O Botafogo é um time charmoso. É um clube de tradição internacional e por muitos anos levou o nome do Brasil com orgulho, paixão e autoridade.

Infelizmente por um tempo amargo o clube, como um todo, foi administrado por pessoas incompetentes que dilapidaram o patrimônio, esvaziaram o clube e danificaram por mais de 20 anos o seu futebol.

Hoje, como afirma o PVC, frequentemente, na ESPN, o Alvinegro vem galgando seu lugar de honra, pouco a pouco. Depois que voltou, com mérito (ao contrário do fluminense que saiu da série C direto para a série A), a cada ano tem sido um degrau a mais.

Com excessão do Carioca de 2006, quando fomos campeões, não chegamos a nenhum título expressivo, mas disputamos todos que participamos, ficando bem perto deles.

Chegar as finais é uma grande alegria. No Carioca chegamos em 2006, 2007 e 2008 consecutivamente. Na Copa do Brasil fizemos bons torneios, e no Campeonato Brasileiro há muito que não sofremos o medo da degola para a segunda divisão, como se tornou comum para nossos adversários cariocas nos últimos 5 anos.

Ser Botafoguense é um mérito, escolhe-se um clube pela sua tradição, torce-se por paixão. Não são apenas os títulos que nos movem mais, embora sonhemos com eles e torçamos muito. Mais uma vez declaro que torcer para um time como o clube de General Severiano é usar a razão e a emoção, a cada encontro com o mais belo canto do Brasil: aquele vem da galera apaixonada, afirmando e reafirmando: Ninguém Cala, Este Nosso Amor.
Desculpe se meu texto não é tão evangélico para você.

18 agosto 2008

Ai, doces lições das amargas derrotas


Tenho acompanhado os jogos de Pequim com ardoroso fervor olímpico. Torcedor de carteirinha do Brasil e amante de esportes, seja ele qual for, participo ativamente em frente a TV das cenas marcantes das competições.
Fui o único na sala a vibrar com a vitória de Cielo na natação. Juntamente com meu pai vibramos na goleada do Brasil sobre a Alemanha no futebol feminino, e vimos a frustração da Fabiana Murer, no salto com vara, ao ser desclassificada, após a terceira tentativa fracassada de superar os 4m65cm.
Opa, a derrota! Sim, a derrota é dolorosa. Vejam Diego Hypólito. Era ouro! antes de pular no tablado, no final era outro! E Larissa e Ana Paula? no volei de praia. Imagino como deve ter sido difícil para o nadador Thiago Pereira ter ficado em quarto.
As derrotas são amargas. Elas nos põem para baixo. Dificulta nossa caminhada. Na verdade queremos sempre vencer e torcemos para quem gostamos vença também.
Mas a vida não é feita somente de vitórias, se assim fosse ela seria fácil e não aprenderíamos nada com ela. A vida somente com vitórias nos faríamos insuportáveis, porque se todos vencessem não haveria com quem competir, e seríamos gerentes de nós mesmos, heróis de uma batalha só.
Perder, ser derrotado, sofrer um revés na vida é didático. Nos ensina. Embora seja amargo o gosto da derrota, as lições são doces como mel. Adocicam nossa forma de enxergar a vida, de enxergar o outro, de enxergar Deus em todas as circunstâncias.
Ai, doce lições que tiramos nas amargas derrotas da vida. Depois que aprendemos, crescemos. Podemos não ganhar a medalha naquela competição, mas nos tornamos mais maduros para as tantas outras que a vida nos presenteará.
Como você encara as lutas e as derrotas? Como o fim de tudo? Não, não seja tão cruel com você mesmo. Deus nos garante que "há mais aprendizado no luto, do que na festa", diz isso porque Ele sabe, exatamente o que sentimos, quando fracasso bate a nossa porta.
Não é a toa, também, que Ele afirma que "semeamos com lágrimas, para colher com júbilo". Aproveite esta semana para digerir bem suas batalhas, suas lutas, suas guerras, seus entraves, e aprender o máximo que puder. A vida é mais doce quando somos mais maduros para aproveitá-la.

15 agosto 2008

Leões, doces leões

Assista ao vídeo no link que eu posto agora http://br.youtube.com/watch?v=0HtM0ITuFmQ e você vai entender o título que escrevi.
Por muito menos desprezamos amizades, carinhos, cuidados. Por muito menos deixamos de lado uma história que foi construída a base de amor, misericórdia e zelo.
Eu experimentei isso. As vezes não gosto de falar disso, mas invariavelmente vem a minha mente nomes de pessoas que carreguei no colo.
Aprendi, contudo, uma grande lição. Não carregamos no colo pessoas para que elas nos façam bem depois, precisamos carregar pessoas no colo para que nós nos sintamos bem.
Imaginem uma igreja somente de leões, famintos pela Palavra e amorosos ao extremo incapazes de serem transformados pela selvageria do mundo em que vivem, nem pela amargura do universo que cultivam.
Espero isso, sim. O que acha?

06 agosto 2008

Que lugar na Igreja ocupa a misericórdia?


Ela está escondida. As vezes senta-se num banco da Igreja, no último banco. Infelizmente a misericórdia não ocupa os primeiros lugares, não é ovacionada e muito menos levada a sério.
Quando penso que a misericórdia é desprezada em alguns de nossos arraiais, nos momentos em que ela mais precisaria ser considerada, me apago.
O mundo não conhecerá a Deus, querido leitor, porque temos templos suntuosos, ou ainda por termos programas de rádio ou TV. Não conhecerá a Deus simplesmente porque transmitimos cultos pela internet ou por sermos C&Os reconhecidos.
A misericórdia, entretanto, é a única razão pela qual estamos vivos. Dizem as Escrituras "que as misericórdias do Senhor são a razão de não sermos consumidos".
A misericórdia é o fator que nos diferencia do mundo. Hoje, principalmente hoje, nossas diferenças entre o mundo e a igreja estão cada vez menores.
Isto porque nossos referencias de Deus e da Igreja foram comprometidos com algumas de nossas estratégias ou nosso mundanismo. Explico.
Algumas de nossas estratégias são mundanas, para não dizer atéias, mas tudo em nome de Deus...é a idéia de ser fraco para ganhar os fracos...mas duvido que Paulo estava dizendo ser ridículo.
O nosso mundanismo vem das atitudes que invariavelmente temos diante de determinadas situações, onde nos parecemos muito mais com o mundo do que com Deus.
Voltando a misericórdia, ela precisava ocupar um lugar melhor em nossos arraiais.
As prostitutas, os viciados, os bêbados inveterados, os doentes terminais, os pecadores sujos com suas taras, os assassinos, deveriam experimentar um pouco mais desta palavra, a partir de nós.
Aqueles que entraram para a Casa de Deus e depois saíram, aqueles que se levantaram, mas depois caíram. Os que nos traíram, os que nos desprezaram, os que nos maltrataram, todos estes precisam de misericórdia.
Os ladrões de carteirinha, os bandidos de plantão, os crentes que vacilam, os líderes que experimentam a loucura do erro, todos, absolutamente todos precisam da misericórdia.
Os justos, os limpos, os melhores do que os outros, todos precisam da misericórdia. O mundo só será melhor se dermos as devidas honras à misericórdia. Caso isso não aconteça, o máximo que teremos é uma boa manchete de um periódico semanal, dizendo: "Eles são um Show!".
Nao sei, realmente não sei se foi isso que Deus sonhou para nós.

31 julho 2008

Brannan Manning

Nos últimos dias, um autor que tem me chamado a atenção é Brennan Manning. Seu livro "O evangelho Maltrapilho" estão consumindo alguns de meus tempos livres, e a algumas de minhas lágrimas.
Nele, Branning tem destacado como Jesus agia em função do ser humano, e como o ministério de Jesus de amor, graça e misericórdia foi descaracterizado ao longo dos anos, por uma igreja preconceituosa, hipócrita e legalista.
O livro é encantador, a forma como lida com situações que causam dor ao ser humano e como Jesus lidou com estas situações nos remetem a um outro evangelho, que nestes dias vemos em poucos lugares.

23 julho 2008

Trecho do meu livro "Simplesmente Igreja"


A você querido leitor que passa por aqui, deixo um texto do meu livro "Simplesmente Igreja", que brevemente será relançado.

Espero que goste, se desejar comente.


Certo dia, quando adolescente, entre em minha casa e anunciei à minha mãe: Olha, virei crente!
A noticia trouxe riso ao seu rosto. Embora nunca tenha sido arredia a qualquer religião, percebi que minha noticia fora recebida com uma certa incredulidade.
O que disse fora fruto de uma experiência com Jesus, na residência de uma irmã Metodista, ainda aos 15 anos de idade.
Anos depois toda minha família se tornara cristã. Eu resolvi caminhar mais na minha experiência de conversão. Tranquei a matricula do curso de Adminstração de empresas e ingressei num Seminário Teológico. Tendo minha chamada ministerial confirmada, fui consagrado ao ministério pastoral, com 24 anos de idade.
Já na minha adolescência a Igreja se tornou minha vida. Dentro dela alcancei muitas vitórias e cometi diversos equívocos. Foi convivendo diariamente nela que descobri que o Corpo Vivo de Cristo , ao longo de sua história, havia também perdido alguns valores que deveriam ser inegociáveis. Ela também tinha os seus equívocos.
Percebi que a Igreja então, é uma comunidade cristã que apresenta falhas, e não é e nem nunca foi perfeita.
Me saltou aos olhos minha descoberta, na leitura de Atos 5.1-11.
Dentro da Igreja existiam pessoas capazes de mentir e outras capazes de, com a mentira, alcançar posições e prestígio. Mas será que era isso a Igreja do Senhor?
Sempre acreditei que não. Sonhei constantemente com uma igreja formada por pessoas que, apesar de falhas, fosse ao mesmo tempo capaz de desejar ser mais do que é, todos os dias.
Uma frase atribuída ao evangelista Pr.Billy Graham resume melhor o que desejei dizer. Segundo o famoso pregador “A igreja não é formada pelas melhores pessoas do mundo, mas por pessoas que querem ser melhores do que são”.
É assim que vejo a Igreja: uma comunidade de pessoas que sonham e lutam, todos os dias, para serem melhores do que são.
Qualquer esquema ou estratégia para o dia-a-dia da igreja, na intenção de provocar seu crescimento ou torná-la popular, perde sua força diante diante de uma igreja que, ao longo dos anos, se tornou protagonista de noticias vergonhosas.
É por isso que proponho ao leitor deste livro uma igreja simples, cujo desejo é só ser Igreja. Pode parecer confuso, mas não é. Ao contrário, é bastante simples.
O Mestre deixou uma ordem, está lá em Atos 1.8. seu desejo foi que, a partir da obediência àquela ordem, seus seguidores fizessem o nome dele conhecido, adorado e obedecido, por uma comunidade chamada Igreja, para simplesmente ser Igreja e nada mais.
Naquele instante Jesus e (os discípulos) não pensavam em concílios, departamentos, associações poslúdios , interlúdios, esquemas nossos e somente nossos. Ele imaginava uma comunidade capaz de celebrar o nome de Deus pelo simples fato de estar na presença dele. Seus membros se conheceriam e se amariam. O nome central da Igreja não era o ministério de fulano de tal, mas sim, o nome Dele. Afinal de contas, foi ele que deu duro para a comunidade formada por gente como eu e como você se tornasse Igreja.
Ele pensava numa comunidade capaz de ter misericórdia, agir como bálsamo na alma dos outros e nunca transformar a alma alheia em alvo de nossos legalismos infantis e hipocrisias desmedidas. Tudo isso não ficou escondido no decorrer dos anos.
Centenas de homens e mulheres foram queimados vivos, excluídos e excomungados, por conta de interpretações equivocadas das Escrituras Sagradas.
A exemplo do que falo, há alguns anos a Igreja Católica pediu “perdão” a Galileu Galilei e a Copérnico pelos maus tratos que receberam, em resposta às teorias heliocêntricas que apresentaram. Na época, entre 1543 e 1633, ambos tiveram que dar um passo atrás em suas crenças científicas, para escapar da fogueira e foi apenas, 400 anos depois que os mesmos foram “perdoados”.
Jesus pensava ainda numa igreja capaz de vencer a batalha com os valores do mundo. Paulo diz para a Igreja de Roma “não se conformar com este mundo” (Rm 12.1), ou seja, não ter a mesma forma, não cair no mesmo erro e para não adotar valores mundanos, esquecendo-se dos valores de Deus.
Acreditava numa comunidade santa e capaz de viver desta forma diariamente; onde as pessoas assumiriam o nome de cristãos com autoridade, no calor de uma vida santa. Aliás é o que afirmam as Escrituras que diz que “sem santificação ninguém verá o Senhor”. ( )
Espero que nossos encontros nas paginas deste livro possam se repetir frequentemente, com coragem e sem pré-conceito. Tenho a clara impressão que muitas idéias aqui contidas você poderá até mesmo debater ou discordar. Aliás, cheguei a pensar algumas vezes que estava sendo duro comigo mesmo, injusto com alguns e utópico com todos.
Mas com o passar dos dias em que escrevia e reescrevia, e agora, na segunda edição, depois de alguns anos, percebi que não. Na verdade precisamos ler e refletir seriamente todos os dias para viver próximo daquilo que Jesus sonhou.
Quantas vezes temos cometido erros infantis em nossa caminhada cristã? Não foram poucas as vezes. Por isso penso que este livro é simples, porém especial para este tempo de tanta confusão e falta de identidade cristã.
Agradeço a Deus pela oportunidade de poder escrever este texto, na esperança que ele mexa com você, na mesma medida que mexeu comigo. Na verdade, com freqüência que avaliamos nossa vida e nos perguntamos: “O que falta para sermos parte integrante desta fascinante experiência que é fazer parte da Igreja?”.
Eu, de fato, acredito que Deus quer que sejamos uma Igreja, simplesmente Igreja e nada mais.

“O estilo de adoraçao em que você se sente mais a vontade tem a ver muito mais com sua cultura do que com sua teologia. Os debates sobre os estilos de adoração são quase sempre sociológicos e pessoais, embrulhados em termos teológicos”. Rick Warrenm, pastor da Igreja em Saddleback.

16 julho 2008

As coisas não estão normais!


Em poucos dias, em duas ações policiais, foram as vítimas que os policiais mataram e não os bandidos. O Juiz que era para mandar prender o tal do Dantas, mandou soltar. O carteiro que era para entregar cartas, tem deixado mais de 100 milhões de correspondências sem chegar ao destino. O Baraki Obahma que se diz cristão, fez um discurso duro, descontruindo a fé, para ser eleito. Os Estados Unidos, potencia mundial, tem uma moeda mais fraca que o Euro, uma inflação crescente e o alcool deles é de baixa qualidade, comparado ao brasileiro. Mas eles é que nãoquerem que o Brasil entre no tal de G8. Alguns sem terra, tem terra. Algumas igrejas que pregam a prosperidade só contempla 10% dos 100 que acreditam nela. Os que "vendem" a prosperidade são prósperos, os que compram ainda estão esperando ela chegar. Os que " curam" preferem a TV, enquanto as filas do SUS, do Lourenço Jorge, do Hospital dos Servidores, Souza Aguiar, se fossem contemplados por estes já teríamos o problema da saúde resolvido no país. O delegado soltou o rapaz que bateu dirigindo bêbado, quando na verdade deveria prendê-lo e os Senadores voltaram atrás na contratação de servidores federais, que ganhariam entre 9 e 10 mil reais, sem fazer concurso, sem trabalhar, e algumas coisas mais (isto entao, é estranho mesmo!).
Se o mundo está tão estranho, que difereñça estamos fazendo? Se o mundo está tão perverso, que esperança estamos pregando? Se a Igreja está tão desnorteada, que norte estamos navegando?
As coisas não estão normais, mas me preocupo com aqueles que dizem ter a solução.

Li certa vez, na boca do Mestre, que temos "cegos conduzindo cegos".

08 julho 2008

Qual o tamanho desta dor?


Infelizmente somos outra vez assaltados por uma notícia dolorosa. Não foi ninguém da minha família, provavelmente também não foi da sua, que lê este blog, mas é como se fosse.

A violência no Rio de Janeiro parece não ter fim, e parece ainda mais, entrar por nossas casas, através de declarações doloridas, como o pai do menino de três anos, baleado à revelia, por soldados mal preparados.

Foi feito um pedido de desculpas? Sim, foi. Mas e daí? Amanhã pela manhã o menino será enterrado de qualquer modo, os pais chorarão, os tios também, e uma centena de pessoas que se relacionavam com esta família, estarão ainda mais perplexos diante de tanta dor!]

Até quando teremos que conviver com gente que tira a vida de gente como se gente não fosse gente, mas fosse um saco de lixo? Até quando teremos que viver numa sociedade que cada dia mais despreza a vida.

Sim, porque infelizmente intelectuais, empresários que doam dinheiro para o disque denúncia, playboys que saem com camisetas nas passeatas pela paz, são os primeiros a subir o morro para comprar seu maldito pó, alimentando e re-alimentando a violência na cidade.

É para ficar indignado, porque os mesmos que dizem ficar atônitos com o mal, são os mesmos que pedem a liberação da maconha, que acham que o aborto é uma opção perfeitamente legal, que bebem e dirigem, que se prostituem ou patrocinam a prostituição.

Isso enoja. Quando os filhos dos desembargadores, ou ainda os filhos dos promotores vão as danceterias para arrumar briga, bater nos outros, brigar com tantos e sair dizendo que são vítimas de um estado de terror, isso enoja.

A Bíblia diz que nos últimos dias os homens seriam "Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus" (II Tm 3.1-3).

Isto não é notícia de jornal, é a Bíblia que diz.

A cada dia ficamos mais enojados com o que o vemos. Com os pitboys da vida queimando índios, estuprando menores, batendo em inocentes em Sorocaba. Ficamos enojados de juízes pilantras, de deputados ladrões, de policiais corruptos, de religiosos gananciosos. A cada dia nos enojamos mais, e perguntamos: Até quando?
Dá para olhar para tudo isso e dimensionar o tamanho desta dor?

30 junho 2008

O que Deus diria, se fosse membro de uma Igreja?


Todos os dias tenho a experiência de conversar com alguém, cuja a alma, está transtornada por experiências esquizofrênicas dentro da Igreja.
Antes que alguém diga que nunca pensei assim, posso provar que minhas pregações sempre foram recheadas de elementos que denunciavam uma loucura nas liturgias, teologias, e comportamento de muitos membros de igreja.
Na verdade a culpa não é de Deus, nem de Jesus Cristo, muito menos do Espírito Santo. Não podemos olhar para a Igreja e dizer que não queremos saber mais dela, por conta deles. Nem o contrário, ou seja, não queremos saber deles por conta da Igreja.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já diz a filosofia popular.
A Igreja, como instituição religiosa, entretanto, merece nossa crítica, e nossa reflexão. Ela hoje espelha púlpitos sem autoridade, unção e profundidade, quando se esmera apenas em pregar a prosperidade como foco central de sua mensagem.
A Igreja, como instituição religiosa, está longe de ser uma comunidade da comunhão. Porque comunhão para alguns é conviver apenas com aqueles que não lhes fazem mal. É abraçar apenas aqueles que lhes proferem palavras "amigas", mesmo que a amizade seja "eterna enquanto dure".
A igreja, como instituição religiosa, está fadada a fracassos evangelísticos, porque seu foco se tornou apenas a alma do indivíduo em números, para fazer parte das estatísticas dos mais bem sucedidos "C&OS", que ampliou sua paróquia e ampliou os números das entradas financeiras.
A Igreja, como instituiçao religiosa, precisa rever seus conceitos de importância. Porque algumas comunidades ainda se vêem engolindo camelos e coando mosquitos. Ou seja, são capazes de brigar por vaga no estacionamento, e sequer chorar com um assassinato na porta do seu templo.
A Igreja, como instituiçao religiosa, tem vivido um dos momentos mais dificeis da sua história, sem querer ser o pessimista de plantão.
E antes que me acusem, me defendo. Amo a Igreja, amo pastorear pessoas, pregar e fazer com que uma comunidade cresça e aparesça. Entretanto, nada me incomoda mais em ver que o que alguns chamam de prosperidade e avivamento, nada mais é do que publicidade e vento.
Paz e Graça.

26 junho 2008

Impressões sobre a Fé nos dias atuais


Volto ao Blog. Depois de um tempo postanto "irresponsavelmente" entre semanas, quero me dedicar a plantar pensamentos e reflexões, minhas ou não, semanalmente.

O blog recomeçou com cara nova. Foi uma "obra" de meu irmão Wagner, que é WebDesigner.

Quero começar pensando a fé, nos dias atuais.

Tenho me dedicado a pensar a vida cristã como sendo algo que transcende a formalidade dos teólogos intelectuais e o frenesi de alguns neo-pentecostais.

Gosto de pensar a fé cristã com o "entendimento" pregado por Paulo, e o fervor empírico sentido por Isaías, quando "vê" os querubins ao redor do trono.
Infelizmente o que contemplamos hoje, via RÁDIO ou TV, são pregadores que pretendem ser porta-vozes da fé, da mensagem evangélica, mas parecem abdicar da mensagem do evangelho.

Encontramos uma pregaçao que fala de somente de cura, de dinheiro e prosperidade, e vitória sobre tudo, e menos uma contemplação do Cristo, que nos prepara para o mundo.

Pensar a fé nos dias atuais, em minha opinião, reclama um tempo de reflexão sobre a vida, como ela é, alá Nelson Rodrigues.

Porque a vida, como ela é, é dura, é difícil, é crítica. A vida que as pessoas vivem incluem separações, perdas, prejuízos, mortes, desastres, brigas, questionamentos, dúvidas, medos, depressões. Inclui também, é claro, vitórias, sorrisos, abraços, agrados, mas não somente isso.

Ao pensar que a fé hoje evoca apenas vitória, sinto medo pelas próximas gerações. Ao pensar que não falamos mais da volta de Cristo, nem queremos nos dispor a viver o evangelho da graça, mas fazemos um remake do evangelho barato, pregado por Dietrich, ainda na década de 40, sinto medo.

A fé hoje está enferma, embora pareça saudável. Está capenga, embora pareça curável. A fé que temos hoje é ingênua, é fervorosa na emoção e na paixão, mas não contempla o Cristo de Nazaré, contempla o Cristo do Lair Ribeiro, que manda os crentes "olharem pra frente", "respirar fundo", "agradecer pelo dia" e dizer três vezes ao dia "amém, amém, amém". Isso é fé, para alguns, não sei se o é para o Cristo.

Paz e graça.

28 maio 2008

'Bíblia' entre os mais lidos

A "Bíblia" é vitoriosa em todos os rankings de leitura. Ela é a obra mais lida pelos leitores entrevistados (45%), seguida dos livros didáticos (34%), que são obrigatórios na idade escolar. Ela também aparece no topo dos livros mais lidos tanto por homens quanto por mulheres. Se levarmos em consideração a escolaridade do entrevistado, ela é a obra mais lida para os que cursaram até a 4ª série e é o gênero mais lido entre os leitores com mais de 50 anos.

Quando questionados sobre o último livro que o leitor leu ou está lendo, a "Bíblia" também aparece em primeiro lugar no ranking, seguida do livro "Código da Vinci". Mais de mil títulos foram citados pelos entrevistados, sendo que o número de citações da bíblia foi 18 vezes maior que a do "Código da Vinci".

A "Bíblia" também está no topo dos livros mais importantes na vida dos leitores. A obra foi citada dez vezes mais que "O sítio do pica-pau amarelo", numa referência às obras de Monteiro Lobato, segundo colocado na lista.

Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de novembro e 14 de dezembro do ano passado. Foram aplicadas 5.012 entrevistas nos domicílios, com 60 questões. A margem de erro é de 1,4%.

Segundo a pesquisa, declaram-se não-leitores 48% da amostra (não leram um livro nos três meses anteriores à pesquisa), o que representa 77,1 milhões de pessoas. Essa proporção desce para 45% se forem considerados os que não leram um livro no ano anterior. Entre os não-leitores, 33% são analfabetos e 37% estudaram até a 4ª série. A maior parcela de não-leitores está entre os adultos: 30 a 39 (15%), 40 a 49 (15%), 50 a 59 (13%) e 60 a 69 (11%).