Nos últimos dias tenho recebido diversas propostas sobre livros. Não para eu escrever, mas para incentivar a fazê-lo. Isso anima e preocupa ao mesmo tempo. Anima porque amigos em quem deposito confiança sobre o que podem dizer num texto estão abrindo espaços na concorrida agenda com a alegria, o prazer e a missão de escrever, o que é muito bom. Preocupa, contudo, porque invariavelmente a facilidade de se publicar qualquer coisa, em qualquer hora, sem qualquer avaliação crítica, tem transformado alguns "pernas-de-pau" da escrita em "escritores".Não é de hoje que vejo pessoas se apresentando transcrevendo um sermão e transformando em livro.
São edições limitadas, com letras que quase ocupam uma página inteira, conteúdo zero, com apelos dramáticos e doutrinas pueris. Me causa estranheza que muitos querem ler um lixo teológico sem fim.
Outro dia me deram o desprazer de ler um texto para ser transformado em livro. Fiquei transtornado com a incapacidade do "autor" de não concatenar nenhuma idéia, desviando-se dos padrões básicos da redação convencional.
Além disso, o que dizer dos textos que apenas falam de vitória? Um livro não pode ser escrito apenas para o mercado, tem que ser escrito com um sentido de missão.
Livros do tipo "Vença nas Finanças", "Vença as doenças!" "Você é um vencedor", acabam por preencher as prateleiras das livrarias cristãs, para todo dizer a mesma coisa, ou seja: nada.
Fico feliz quando conheço pessoas que desejam escrever para transformar, para ajudar, para refletir, para abrir os olhos e fazer outros pensarem.
Fico feliz quando pessoas se dispõem a destrancar seus relógios e permitirem-se usar a capacidade de reflexão e o poder de argumentação, e transformar em texto algo bom para mente e coração.
Por outro lado me arrepio com os milhares de livros que vejo sairem das gráficas: lixo, sai de lá muito lixo. Mas me arrepia mais ainda quando os autores dos lixos resolvem ser chamados de escritores, só porque publicaram um sermão qualquer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário