O pr.Lécio Dornas escreveu recentemente o livro "O que a Bíblia diz, sobre o que todo mundo diz". O texto trata dos provérbios populares que são comumente usados e abusados por todos, profeticamente escritos nos pára-choques de caminhões estrada a fora, e filosóficamente dita por "sábios" de plantão. Ele usa os provérbios e faz um paralelo com princíios bíblicos que produz ensinamentos verdadeiros.
Pois bem, escrevo de um consultório médico. Trouxe minha mãe para um tratamento que faz vez por outra num excelente profissional, em Niterói. Como o tempo de espera lá se compara ao tempo de espera nos telefonemas para os call centers, vim previnido. Trouxe meu computador para poder continuar a escrever (estou preparando um novo livro).
Fiquei no corredor, na espera. Enquanto minha mãe aguardava, ouvia as conversas num pequeno espaço, esprimido entre os pacientes que esperavam.
O que as pessoas conversavam? Bem, o que as pessoas falam por aí.
Uma elogiava a novela das oito. Dizendo que a "fulana"trai o fulano na cara de pau! "E olha que ela nem é uma "gostosona"(sic) de primeira", dizia uma senhora enfurecida. Outra já dizia que se encontrasse o Malvino Salvador, nao sabia o que faria: "Ele me tira do sério!", dizia a senhora.
Uma outra dizia, "olha essa dor!!! Saravá meu pai", já deixando claro sua profissão de fé!
Outra reclamava do tempo aguardando...a reclamação era engraçada: POxa!!! Esse médico demora demais com os pacientes". Num tempo em que médicos atenciosos estão se tornando raros, a reclamação soava até como ironia.
Falavam sobre o a viagem, sobre os outros, sobre tudo...sobre novela, sobre doença (ah sim, sobre doenças então- a impressão que dá é que é uma comunidade do orkut "eu tenho um tipo de doença como voce!". Ah, sim, e não faltavam o comentário da novela das duas, que passava na televisão ao alto. Uma paciente chamou a atençao de todo mundo, quando uma cena inclinava para o barraco dos barracos. Ah ta, os atores são assim na vida real! Decretava outra.
E sobrou até para a vida particular do Pedro Bial (uma informava que ele tinha 5 filhos, um com cada mulher diferente - claro que não levo em conta ser ou não ser isso verdade).
As pessoas não tem nada dentro de si mesmas. Precisam de atores para salvar seu imaginário. Precisam de pessoas para para incendiar suas emoções. Precisam de fatos novos para renovar seus comentários. Precisam de fofocas para difundir seus mundos. Precisam de notícias para valorizar seus mundos.
Bem, é aí que entramos. Muitos de nós fazemos esta mesma agenda pessoal.
É aí que decidimos transformar nosso tempo em bom tempo. Isso porque podemos falar de tudo de novelas, de negócios, de futebol, sem que sejam as razões de nossas conversas. Temos que mudar o foco dos "papos"que acontecem por aí. Que tal falarmos de gente que sofre e que precisa de ajuda? Que tal falar de Santa Catarina e suas dores? Que tal nos incomodarmos com aqueles que foram feridos na alma e que precisam de nós? Que tal pensarmos um pouco na vida real que nos cerca? Que tal deixarmos um pouco a vida da TV que tanto nos assedia e procurarmos ver, de fato a realidade que nos cerca?
Que tal deixarmos de apreciar os pregadores da televisão e valorizarmos o pregador que põe o terno, apaixonado para falar a noite, numa capela pequena numa roça por amor a Deus e o evangelho?
Que tal deixarmos de apreciar os pregadores da televisão e valorizarmos o pregador que põe o terno, apaixonado para falar a noite, numa capela pequena numa roça por amor a Deus e o evangelho?
Que tal sermos sinceros conosco mesmos, e pensarmos o quanto tem sido dificil para nós vivermos neste mundo sem fazer diferença? Muitos cristãos no mundo real, na vida real, tem sido apenas atores do mundo gospel, número na estatística do IBGE, registro nos anais da igreja e símbolo de uma religião que cresce no país.
O que as pessoas falam por aí, demonstra o que elas são e tem por dentro. O que nós somos por aí também.
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